Parágrafos

157 14 4
                                    

Federal Bureau of Investigation — FBI. 12⁰ reunião envolvendo o caso Quinn Solo. 3 de agosto de 2013, Portsmouth, Virgínia.

— Ellis, ontem você me escreveu um e-mail. Disse que acrescentou novos parágrafos ao relatório. — Ágatha abriu a reunião. — Pode começar, se quiser.

— Pensei que tivéssemos encerrado o caso — disse William.

O presente foi um pedido de Kimberly. Ela era idealista por natureza. Gostava de perambular com essas coisas pelas ruas. Achei que amaria o relógio, então não medi esforços para comprar. Se eu soubesse que o homem era um serial killer, a polícia seria a primeira a saber. De qualquer forma, agora acredito que Kimberly tenha desconfiado dele. Faça o seguinte, agente Norman: puxe o ponteiro maior da esquerda e abra a tampa. Provavelmente a bateria pifou e deve ser substituída por uma nova. Depois coloque a pulseira e faça movimentos com as mãos. As células de íon-lítio convertem energia mecânica em eletricidade a partir de um instrumento feito por uma camada de polímeros. A dobragem de duas folhas de lítio carrega a bateria. Trinta minutos deve ser o suficiente para ligar o aparelho.
                                     
                                      Charles Lancaster

— Ellis, quais são os parágrafos? — Perguntou a comandante Ágatha.

Sr. Lancaster, agradeço por responder este e-mail. Estou contente por ter mudado de ideia. Participar das investigações de sua filha não é só um ato de coragem, mas também de amor. Quanto a sua segurança, fique tranquilo. Estamos sendo cautelosos. Nossas conversas não chegarão até a polícia de Portsmouth. É o suficiente para protegê-lo.

                                         Agente Norman.

— Eu encontrei o relógio da bailarina na floresta de pinheiros, há alguns meses — afirmei. — Kimberly gravou o dia de sua própria morte. Depois descartou o objeto nas trilhas. Esses são os dois novos parágrafos que inseri.

— Um relógio com um gravador de áudio? — William sorriu — e você escondeu isso da gente esse tempo todo?

— Pouco interessa agora. Eu já escutei as vozes de quem estava com a garota no galpão. São duas pessoas. Uma delas é Vanessa Jones.

— E a outra? — Sarah descruzou os braços, ansiosa.

— Não quero que confiem somente em minhas palavras. Escutem com seus próprios ouvidos — deixei o relógio em cima da mesa. Ele apitou e disparou a gravação. Uma voz grave começou a falar em cima da voz de Vanessa. E no fundo, os gritos de Kimberly, que pareciam baixos, tornaram-se intensos.

Não restam mais dúvidas. As vozes são mesmo de Vanessa e de Adam. Os peritos vão confirmar. Depois, finalmente encerraremos o caso. Kimberly, eu agradeço, onde quer que esteja. Metade do sucesso das investigações teve a sua participação. Você foi inteligente e corajosa, sacrificando-se para que outras garotas pudessem viver.

— A voz de Adam contra o rosto de Max... — disse Victor. — Ótimo, mais uma incongruência.

— Nao é incongruência. Não é só a voz de Adam. O grimório, o frigorífico, a fotografia... é uma escala de 4 por 1. É mais óbvio que Adam Fredie Penrose seja o assassino — afirmei. — Só precisamos da última peça do quebra-cabeça.

— Tem razão. Se Max fosse o assassino, colocar a prova do crime a dois palmos do próprio quintal não faria sentido — Ágatha concordou. — É como se alguém quisesse incriminá-lo. Enquanto ao famigerado Fredie, a vida dele é cheia de reviravoltas. Compras de terrenos, viagens suspeitas, mudanças repentinas...

Confissões de uma assassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora