Impressões

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— Inspetor, eles localizaram a garota — disse Johnny Curtis.

Fazia quase uma semana, desde que Kimberly desapareceu. A última vez, ela foi vista por sua vizinha, descendo de patins a rua de baixo, seu pequeno ritual particular de toda quinta-feira, pós-balé. Apesar do interesse público, o caso passaria despercebido pela polícia, se Kimberly não fosse filha de uma mulher muito importante na região, a promotora de eventos, Lucy Cleimber.

Quando Kimberly foi encontrada dentro de um galpão abandonado, a cidade teve medo, pois era um aviso de que outras pessoas também poderiam morrer daquela mesma forma horrenda. O corpo dela estava erguido pelos pés, preso por um gancho de carne e sem a cabeça. Mais tarde, sua cabeça foi desenterrada dentro da plantação de milho da fazenda da sra. Mesdra, a duzentos metros longe dali. Não restaram dúvidas; os olhos castanhos, os cabelos vermelhos e as cicatrizes eram de Kimberly Lancaster. A sra. Lucy acabou se suicidando alguns dias depois de receber a notícia.

— Sr. Curtis, o que estava escrito na carta não é mentira? — perguntou o inspetor Billy Nortgen.

— A agente Norman pode confirmar. — disse Sarah, interrompendo o amigo.

— Agente Norman? — Michael fez cara feia. — Quem é essa?

— Ellis Wallis Norman —, Sarah voltou a responder — ela vem do FBI.

Billy Nortgen exibia seus cabelos brancos, as rugas e a barriga saliente. Um homem mais próximo do final de sua vida, do que do começo dela. Diferente do chefe, Michael e Johnny eram novos e fortes, com os musculos saltando de suas roupas. Porém, nenhum deles, na verdade, nenhum policial de Rox era tão inteligente para resolver o mistério que assombrava a cidade.

Chamei Kimberly para fora da biblioteca e pedi que retirasse os livros de dentro do meu carro. Ela se apoiou nas cadeiras e eu tranquei as portas. Depois ela começou a gritar, então golpeei sua cabeça com um pé de cabra. Quando chegamos no galpão, arranquei seus órgãos. Os gatos comeram. Eles comeram todos, exceto o seu coração. Este está guardado em uma caixa. Se eu quisesse esconder tudo, eu esconderia, sem deixar pistas. Mas a polícia não vai me pegar. Eles não podem me pegar. E você, sra. Lucy, é uma mulher que merece saber a verdade.

                                         Quinn Solo

Quinn Solo aparentemente matou outros três adolescentes no mesmo distrito, em um intervalo de um ano: Stacy Henker, uma modelo em ascensão. David Orson, um aluno do ensino fundamental da escola Vice. E Olivia Grace, a garçonete do restaurante Gales. Porém, foi somente a partir da confissão do assassino, direcionado a Lucy Cleimber, que o FBI começou a agir.

— Chame a agente Norman — ordenou o inspetor.

Michael rodou a maçaneta, abriu a porta e piscou para que eu entrasse. Pelo seu olhar, ele não percebeu que eu estava ouvindo atrás da escuta embaixo da mesa. Ser uma espiã vai além de ouvir conversas que não nos pertence. Eu era uma mulher querendo fazer o meu trabalho entre homens. Uma mulher que um dia também morou ali. E fazer trabalho de agente inclui investigar a polícia de vez em quando. Os policiais Michael, Clay, Johnny e principalmente Billy Nortgen eram suspeitos. Qualquer um deles poderia ser Quinn Solo, ou um cúmplice, já que a polícia de Rox nunca chegou perto do assassino.

— Com licença — eu disse, entrando na sala. Antes de sentar na poltrona, fiz um breve aceno de mão e sorri.

— Essa é a agente Norman, ela trabalha para o departamento de inteligência do FBI — disse o inspetor Billy Nortgen — o paradeiro de Quinn Solo acabou tomando proporções federais. Por isso, a partir de hoje, vocês terão uma nova integrante.

Confissões de uma assassinaOnde histórias criam vida. Descubra agora