xxɪx

80 25 69
                                    


⠀⠀⠀AS LUZES DE néon arroxeadas bruxuleavam na noite escura, formando morcegos nas paredes do beco

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

⠀⠀⠀AS LUZES DE néon arroxeadas bruxuleavam na noite escura, formando morcegos nas paredes do beco. O odor de urina, excrementos e álcool era forte entre duas das casas noturnas mais badaladas de San Peul. A música alta ultrapassava as paredes que deveriam conter o som.

Yuan espremeu os olhos e levou a mão ao nariz.

Não havia saída na outra extremidade da longa e estreita viela. Ele era o único caminhando entre caixas, sacos de lixo e garrafas abandonadas ao longo do pavimento. Miguel deveria estar a caminho da lan house para investigar o IP do computador usado para enviar a eles o suposto paradeiro de AdR. O endereço levara Yuan ao beco entre as casas noturnas, mas nada havia além de caixas, sujeira, e uma caçamba recostada na parede dos fundos.

O detetive checou o telefone mais uma vez, onde havia anotado o endereço enviado pelo e-mail da lan house. Quando parou em frente a caçamba, seus olhos lacrimejaram com o cheiro putrefato que ardeu as narinas.

Com o coração destrinchando nas veias, Yuan acendeu a lanterna do celular, arrastou um caixote para perto da caçamba com o pé, e subiu. Seus olhos saltaram das órbitas e o estômago revirou junto às entranhas ao encontrar o olhar leitoso que o encarava.

Em meio à nuvem de moscas, sacos de lixo e das próprias entranhas, estava o corpo do suspeito que investigavam. Hector Manzini. Coberto de larvas e ratos, se banqueteando com o que restara dele.


A água do mar reluzia sob o luar.

As ondas não podiam ser ouvidas por alguma razão que fugia da mente de Joyce naquele instante. O mar a fez pensar em Rionju e em Sunwoo contando sobre a vida dele, sobre as idas ao mar com a família. Joyce se lembrou dele descrevendo como via a água na infância. Aos olhos do pequeno Sunwoo, sob o sol o mar abrigava diamantes na imensidão azul, diamantes que derretiam ao alcançar a praia para formar a espuma branca, chamadas de ondas. Ele tinha os olhos encolhidos e as bochechas erguidas num sorriso que exibia seus dentes brancos e perfeitos, quando contara isso a ela.

Para qualquer um, Sunwoo poderia parecer feliz se recordando de um momento agradável da infância — e Joyce chegou a invejá-lo, pois havia um brilho que ela nunca experienciou, nas feições dele ao se referir a família e aos momentos compartilhados. Entretanto, em meio a luz das lembranças felizes se abrigava uma sombra que ela conhecia muito bem.

A sombra obscura da incerteza e do medo.

Sunwoo acreditava que nunca mais voltaria a sentir a água salgada envolvendo seus pés ou os dedos afundando na areia umedecida, e temia o que descobriria ao se encontrar com o próprio corpo.

Joyce ponderava sobre a possibilidade de estar em Rionju quando uma luz intensa brilhou através das pálpebras dela. Ela as apertou.

— O que acha que devemos colocar no topo?

Até Que A Morte Vos ReúnaOnde histórias criam vida. Descubra agora