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⠀⠀⠀O TRÂNSITO ESTAVA parado quando Yuan viu Joyce descer do ônibus e correr pela calçada com o corpo encolhido.

Ele inspirou pelas narinas e batucou os dedos no volante. Por um mísero segundo considerou chamar o nome dela e oferecer carona, mas de nada adiantaria, estava sem guarda-chuva e o prédio em que Joyce morava não possuía estacionamento.

O farol vermelho saltou para o verde. Quando encontrou espaço vazio numa esquina sem saída, a duas ruas de distância do prédio, Yuan se apressou com medo de perder o lugar.

As gotas pesadas da chuva bateram contra a cabeça dele, ferroando sua pele enquanto corria pela lateral da calçada tentando se cobrir com os toldos das lojas.

Quando passou pela portaria como de costume não foi preciso se identificar — não havia câmeras e o porteiro estava dormindo. Ele estremeceu. Algo que não havia lhe ocorrido antes se alojou em sua mente.

Ele acelerou os passos, seguindo pelos degraus molhados e escorregadios com cuidado. Avistou Joyce alguns lances acima, mas precisou desviar os olhos quando algumas gotas caíram diretamente dentro deles.

Yuan titubeou por um segundo, depois recuperou o ritmo. Quando alcançou o andar em que Joyce morava, uma das vizinhas estava na porta segurando um telefone na orelha e cochichando palavras ofensivas que ele preferiu fingir não ouvir.

Sabia de quem ela estava falando.

Por isso, desviou o rosto para o alvo das palavras duras proferidas pela senhora.

Joyce estava ajoelhada na frente do apartamento com os olhos esbugalhados, lacrimejantes, e as mãos segurando... o nada.

— Sunwoo, olhe para mim! — a ouviu dizer sem pestanejar. — Você precisa ficar comigo, se sumir agora pode não conseguir voltar mais!

Os sentimentos no peito de Yuan se subverteram e o travaram. Estava ansioso, por vê-la, e preocupado, com ela, mas o olhar no rosto dela o fez hesitar.

Ele nunca havia visto aquele tipo de olhar. Não no rosto de Joyce.

O detetive sentiu o peito se comprimir.

As mãos da médium continuaram a se mover, acariciando o ar, até que subitamente suas pernas se desequilibraram e o corpo envergou. Os pés de Yuan se moveram antes de as mãos dela baterem no piso escorregadio. Ele se ajoelhou, a água empoçada atravessou o jeans e o molhou, as gotas batendo na balaustrada pinicavam seu pescoço, mas Yuan conseguiu ampará-la. Os braços dele a envolveram num abraço apertado, o cheiro de xampu e chuva emanados de Joyce adentraram suas narinas, a frieza do corpo dela, molhado, umedeceu ainda mais as roupas dele.

Yuan? — As pálpebras de Joyce salientaram-se ainda mais quando seus olhos se encontraram. — Se você está aqui... então... — franziu o cenho. Mas rapidamente a confusão deu lugar a preocupação e ela tentou sair do abraço dele. — O Sunwoo desapareceu! Eu preciso encontrá-lo!

Até Que A Morte Vos ReúnaOnde histórias criam vida. Descubra agora