Joyce DeLuna pode ver fantasmas ─ seres que para muitos são translúcidos, para ela são tão reais quanto os seres vivos.
Apesar das peculiaridades que a cercam, ela vê a rotina mudar ao conhecer Sunwoo Kim: o fantasma de um jovem desaparecido antes d...
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VII
EPIFANIA
ㅤㅤJOYCE VAGOU PELA calçada, se distanciando da delegacia. Seus olhos fitavam o caminho a frente distraidamente. Continuava pensando nas palavras de Yuan sobre a morte de Melissa, e nas rosas-brancas manchadas de sangue que as mãos gélidas e sem vida seguravam quando o corpo foi encontrado.
Yuan dissera que o resultado da análise forense ainda não havia saído, mas ele tinha certeza de que o sangue nas rosas encontradas junto ao cadáver era de Melissa e que seu assassino a fizera sangrar sobre as flores antes de descartar seu corpo no beco da praça central.
Joyce enfiou os dedos nos fios de cabelo e os apertou ao se recordar das rosas que também recebera, no dia da morte de Melissa. Ela não as tinha mais, havia descartado na lixeira do condomínio logo após encontrá-las devido ao estranho odor exalado das pétalas. Mesmo sem a possibilidade de enviar as rosas para uma análise forense, o bilhete deixado entremeio as rosas era prova de que o vermelho profundo que pintava as pétalas de uma das rosas enviadas a ela, além do odor presente nelas, era proveniente de sangue.
Sangue de Melissa.
A médium sentiu o estômago revirar.
— Por que não contou a ele?
Ela pulou sobressaltada, assustando um casal que caminhava próximo a si, quando a voz de Sunwoo soou ao lado dela. Ela limpou a garganta e fitou o fantasma. Por um instante havia esquecido de que ele a seguia como um cachorrinho desde que saíram para as compras... Fazia pouco tempo, mas parecia que uma eternidade havia se passado.
Aquele dia nunca teria fim?
— Contar o quê?
Sunwoo olhou-a de canto:
— Sobre as rosas e o bilhete que deixaram em seu apartamento no domingo.
— Ah! — Deu de ombros voltando a fitar o caminho a frente outra vez. — Não acho que seja necessário.
O rapaz parou de andar e a encarou com as sobrancelhas franzidas.
— Não achou necessário?
— Você é um papagaio ou um fantasma? Sim, acho desnecessário dizer a ele sobre isso.
— Joyce... você enlouqueceu? Aquela garota foi encontrada morta com um bilhete semelhante ao que você jogou no lixo depois de receber as mesmas flores que estavam sobre o cadáver dela!
— Não eram as mesmas, eram semelhantes, as que estavam no cadáver dela estão na delegacia.
