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ROUXINOL




ㅤㅤA OITOCENTOS METROS dos contêineres, focos de luz brilhavam abaixo do firmamento celeste. Pés rodeavam o cadáver putrefato abandonado com uma rosa-branca pintada de sangue entre os dedos. Seus olhos sem vida tinham a tonalidade amarelada, a pele gélida tinha um tom azul, os membros rígidos pareciam prestes a estourar.

Miguel havia visto muitos corpos. Ver a equipe forense andando de um lado a outro, registrando a cena do crime antes de o corpo ser enviado para a autópsia, e os policiais impedindo olhares curiosos de se aproximar do local, não era novidade para ele. Porém, desde que se formou para ser um policial aquela era a primeira vez que testemunhava um rosto conhecido entrando em estado de putrefação.

Areum havia morrido há poucas horas, embora não ousasse dizer a hora exata, o corte feito em sua garganta fora a causa da morte — um corte similar ao presente no corpo de Melissa. O detetive passou as mãos pelo rosto, amuado, enquanto ouvia com atenção os dizeres da equipe policial do distrito norte: a primeira equipe a chegar no local após receberem a denúncia de alguns cargueiros sobre o corpo retirado do rio.

Em sua mente guardava os detalhes e fomentava as suspeitas que desejava compartilhar com Yuan, afinal aquela era a segunda moça — integrante do grupinho que atormentava Joyce no colegial —, encontrada morta exsanguinada. Assim que os policiais se retiraram, juntando-se aos membros da própria equipe cercando o lugar, Miguel procurou pelo parceiro entre os oficiais presentes no local ao ar livre.

Zhōu estava parado num ponto mais distante da beirada do pavimento obtuso sobre o rio Haneiros, e a preocupação evidente em seu rosto não era fácil de ser decifrada por Miguel, como outrora acontecia. Ele parecia distraído, os dedos compridos digitando mensagens no telefone, as linhas de expressão ressaltadas em sua tez. Ferraz já não sabia dizer se era o trabalho ou o caso que Joyce precisava solucionar, o que causava tamanha distração em seu companheiro de longa data.

Ele inspirou o ar profundo, passando os dedos nos fios lisos acastanhados, e caminhou silenciosamente até onde Yuan estava.

— O que está fazendo, Yu?

Yuan quase derrubou o celular quando pulou feito um felino assustado, ouvindo a voz de Miguel, que revirou os olhos um tanto impaciente diante do olhar esbugalhado do outro.

— Eu te chamei várias vezes, Yu.

— Desculpe, estava tentando falar com o detetive Golvino.

— O que Golvino tem a ver com nosso caso?

— Não quero falar com ele sobre nosso caso. É sobre o caso de Sunwoo — Yuan respondeu com um dar de ombros.

Miguel cerrou a mandíbula e estreitou os olhos.

Até Que A Morte Vos ReúnaOnde histórias criam vida. Descubra agora