Joyce DeLuna pode ver fantasmas ─ seres que para muitos são translúcidos, para ela são tão reais quanto os seres vivos.
Apesar das peculiaridades que a cercam, ela vê a rotina mudar ao conhecer Sunwoo Kim: o fantasma de um jovem desaparecido antes d...
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⠀⠀⠀— KIM. SUNWOO KIM.
Sunwoo congelou ao ouvir o tom de voz grave reverberando ao redor.
Ele engoliu em seco e girou o rosto.
De pé diante dele havia uma figura cuja aura arroxeada, emanada de um objeto que carregava, reluzia no breu.
Um ceifeiro. Mas não qualquer ceifeiro.
— Jun? Eu... Estou morto?!
— Não — Jun negou com a cabeça, se abaixando ao lado de Sunwoo. — Ainda não.
O peso no coração de Sunwoo afrouxou, embora a possibilidade implícita ecoasse ao seu redor. Jun não estava ali para levá-lo ao além. Ainda.
— Então... Por que está aqui?
Jun fechou os olhos, içando as sobrancelhas ao coçar a testa. Em seu semblante, o perpassar das emoções denunciavam o conflito existente dentro de si.
— Estou aqui para te ajudar.
— Mas você disse... Os ceifadores, eu pensei que... — Sunwoo balbuciou, o encarando com a mandíbula bamba, o semblante desorientado.
— Sei o que disse a você, Sunwoo. E sei que não deveria me envolver diretamente, não pretendo... Não exatamente. Porém, há algo que preciso que aconteça, e para conseguir isso, terei que usar você como moeda de troca.
Um vinco se formou entre as sobrancelhas de Sunwoo.
Jun pretendia usá-lo como moeda? Sobre o quê?
Joyce passeou por sua mente mais uma vez. Ele mirou o ceifador.
— Você quer me usar para manipular a Joyce? Ou... — seus olhos se expandiram tanto que quase caíram dos orifícios — algo aconteceu com ela?!
— Nada aconteceu com a Joyce. Ainda. — Jun coçou o queixo, depois deu de ombros. — Ela não está muito preocupada com os outros fantasmas, tem me enchido de mensagens e ligações por sua culpa. Mas há alguém que precisa da ajuda dela, além de você, só que ela só liga para você no momento.
— Ainda. — Sunwoo repetiu. De tudo que Jun dissera, Sunwoo ajuizava o "ainda". De novo aquele maldito, ainda. — Então morrerei e algo acontecerá a Joyce. É isso?
Jun não respondeu. Apenas o olhou com os lábios arqueados. Sua expressão permaneceu assim pelo que pareceu uma eternidade para Sunwoo, cuja impaciência lhe fizera pensar no impensável: e se se engalfinhasse com o ceifador e o obrigasse a falar?
Jun poderia desaparecer no instante que ele pusesse as mãos na jaqueta de couro dele. Mas... E se Sunwoo desaparecesse com ele? Então, poderia voltar ao apartamento de Joyce!
