epílogo

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⠀⠀⠀⠀ERAM DEZ DA NOITE quando ela atravessou as portas do bar.

Seus cabelos não estavam mais compridos, como as memórias dele guardavam. Estavam na altura dos ombros, ainda eram escuros como a noite, mas havia uma mecha acinzentada do lado direito, entre as ondas rebeldes, um contraste com a franja que caía perfeitamente sobre a testa.

Os olhos dela vagaram pelo local a procura de algo. Ou melhor, a procura de alguém. A procura dele, o ceifador presumiu, quando os olhos dela pousaram sobre ele.

Ela não era a mesma. Embora sua pele ainda fosse alva como a lua no céu. Embora seus olhos tivessem o mesmo formato alongado nas pálpebras e os lábios ainda tivessem um formato doce e convidativos que os tentava a beijá-los. Ela não era a mesma pessoa, ainda que se parecesse com quem um dia havia sido.

O jeito de andar era diferente, assim como o estilo de roupas que vestia. Ela parecia confiante de si enquanto caminhava até o balcão com as mãos enfiadas no bolso da jaqueta vermelho-sangue que vestia sobre o macacão de short curto e preto.

Ela não lembrava dele. Mas a esperança desabrochou no peito de Jun como uma flor desabrochando no solo árido do deserto, ao ver o sorriso que se abriu nos lábios pintados de vinho.

O sorriso de canto se manteve nos lábios dela ao olhar para o ceifeiro de soslaio e se sentar no banco vazio ao lado dele.

Era o prelúdio de um grande problema. Mas ele nem sequer desconfiava de que aquela moça seria a personificação do caos em sua vida quase pacífica.

Outra vez.

A mente de Jun estava concentrada na esperança recém-desabrochada em seu peito. Aquele pequeno raio de luz havia subido a sua cabeça.

Aquela não era Eun-ji Lee. Gael o havia alertado no dia em que Jun a avistou por acaso nas ruas de Rionju, enquanto caçavam um espírito maligno. Nessa vida ela era Eun-byeol Han. E Eun-byeol Han não se lembrava de sua vida passada. De sua vida como Eun-ji Lee. Tampouco do tempo vivido como fantasma com Jun. Ela não fazia ideia de quem ele era. Bem, sabia o que ele era, mas não quem, ou o quanto sua presença germinava as borboletas rodeando a flor crescendo no peito dele.

Eun-byeol Han não fazia ideia de que havia sido o motivo para ele deixar de ser um ceifeiro em San Peul para coletar almas em Rionju. Mas sabia que ele era um ceifador porquê, ao contrário de sua vida passada, onde viveu como um fantasma por trinta anos após perder sua vida mortal repleta de normalidade, nesta vida ela era médium desde o nascimento.

— Espero que essa secada monstruosa e indiscreta signifique que esta noite, ao invés de só babar por mim, me pagará uma bebida. — A voz doce e suave de Eun-byeol tinha uma conotação divertida implícita e refletida em suas íris quando seus olhos se encontraram e ela lhe deu uma piscadela.

Até Que A Morte Vos ReúnaOnde histórias criam vida. Descubra agora