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⠀⠀⠀OS PRIMEIROS INDÍCIOS de cores surgiam nos ramos das árvores.

Gotas de orvalho se formavam nas flores recém-saídas e na grama aparada.

O parque não estava vazio, casais andavam de mãos dadas e comiam algodão-doce próximo aos bancos da entrada, mas ninguém ousava se aproximar dos bancos que havia próximo ao gira-gira, ou ao balanço que se movia sem a força do vento. Mesmo que naquele momento as trovoadas e rajadas de ventos pudessem explicar porque alguns brinquedos do parque se moviam sozinhos, ou, porque arrepios agourentos vertiam seus corpos dos pés à cabeça, nenhum ser vivo ousara permanecer naquele lado do parque.

Eun-ji havia se esquecido da melancolia presa em seu coração durante o tempo que passou com Jun no balanço, pois, com ele invisível aos olhos mortais, assim como ela, pôde se sentir como uma moça normal num encontro com a pessoa de quem gostava. Mas enquanto observava o semicírculo brilhando no céu, se lembrou do que deveria fazer.

Ela não podia mais adiar.

Havia tirado horas o suficiente para refletir sobre o que deveria fazer a seguir, após chorar nos braços de Jun, sobre o túmulo da falecida avó. Eun-ji precisava voltar para o apartamento onde as rosas marcadas com seu passado manchavam a mobília de Joyce.

Era o que um fantasma com pendências, como ela, precisava fazer para se livrar das amarras que a mantinham presa no mundo dos vivos.

Eun-ji finalmente entendia o que a mantinha presa no limiar. A dor e as imagens de sua morte permaneciam assombrando sua mente, porém a pior de todas as sensações — apodrecida e infestada de larvas de moscas, afligindo seu cerne — era não saber onde seu corpo havia sido descartado.

Ela precisaria da ajuda de Joyce quando fosse descoberto. Precisaria que a médium entregasse algo a família Lee, algo que consolasse a mãe e a tia quando a polícia revelasse que sua amada filha e sobrinha havia sido uma das vítimas de um assassino em série há trinta anos.

Eun-ji suspirou com pesar, a garganta voltou a doer. Estava tão absorta em pensamentos que nem notou a figura que havia parado atrás de si.

— Sabe o que li sobre a Lua Minguante? — Jun sussurrou perto do ouvido dela, fazendo-a pular. Ele apertou os lábios e sorriu de lado ao vê-la pôr a mão sobre o peito. — Pensei que estivesse suspirando porque sabia e que por causa disso estava admirando a lua, Eun-ji Lee.

— Eu só estava pensando que deveria voltar para falar com a Joy... — o ceifador pressionou o indicador sobre os lábios de Eun-ji.

— Se mencionar Joyce, ou o que precisa fazer com ela, enquanto tento ser legal indo contra todos os meus princípios para realizar seu sonho de ter um encontro, terei que me retirar. — Jun apoiou as mãos na cintura, fingindo ultraje. — Sério, Lee! Tive que passar minha lista de hoje para o Gael. Tem ideia de como isso é difícil para mim? Terei que fazer favores para ele pelo resto da minha existência.

Até Que A Morte Vos ReúnaOnde histórias criam vida. Descubra agora