Por toda a eternidade

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Cirilla

 - Foi do jeito que você imaginou? - A voz de Geralt cortou o silêncio, arrastando-se até meus tímpanos em um sussurro noturno.

 Involuntariamente sorri, impossibilitada de externar qualquer emoção que não fosse a satisfação plena de tê-lo ali na minha cama. Virei-me em seu braços, abraçando seu peito e colocando uma perna sobre seu corpo. Com o indicador delineei a linha do seu maxilar, e sorri mais uma vez quando ele se contraiu sob meu dedo. 

 Não foi exatamente como imaginei. Foi melhor. Infinitamente melhor. E mesmo dizendo que não era capaz de ser gentil, percebi que o bruxo havia se segurado o máximo que pôde na minha primeira vez, fazendo-me divagar sobre o quão bom seriam as vezes seguintes.

 - Foi melhor. - Respondi, mordendo o lábio inferior.

 - Que bom. Estava com medo de te machucar.

 - Agora não precisa mais se preocupar com isso. - Balancei a cabeça, deitando em seu peito para poder fitar seus olhos felinos. 

 Uma das primeiras coisas que reparei logo que nos conhecemos foi o horripilante ar que seus olhos evocavam, amarelos e sobrenaturais. Porém, com o tempo pude ver que suas írises podiam transparecer todos os tipos de sentimentos, caindo por terra o mito de que bruxos eram incapazes de sentir emoções. Geralt parecia sentir - e muito - ou pelo menos era aquela a visão que eu queria ter dele. 

 Chacoalhei a mão no ar e dispersei a trilha de poeira que cintilava pouco acima de nós, iluminada por um feixe de luz lunar.

 Ele afagou meus cabelos, percorrendo suavemente os fios até que as pontas dos dedos provocassem arrepios em meu corpo ao encontrarem o meu ombro. Fechei os olhos e suspirei, absorvendo o calor de seus toques e o contraste entre a maciez de minha pele e a aspereza da sua. 

  Senti seu peito subir e descer após o riviano emitir uma pequena risada nasal. Sua atenção se desviou da janela para a minha direção, focalizando o meu rosto de bochechas coradas e cabelos despenteados.

 - Você não faz ideia do quanto eu esperei por esse momento. 

 - Poderia ter esperado um pouco menos se não fosse tão cabeça dura. - Minhas palavras pareciam duras, mas logo meus lábios tremularam em um sorriso travesso de canto. 

 - Você é tão doce e gentil apesar de teimosa. E eu sou apenas um bruxo. Um mutante. Um monstro. Não mereço você. 

 - Você está errado. - Rebati. - Você me tem porque eu escolhi me entregar a você. Você é um bruxo, Geralt, e tem me protegido há semanas apenas pelo juramento feito a uma rainha morta. Você é corajoso, e é o homem mais honrado que já conheci.

 - Não. 

 - O que? - Pisquei várias vezes, aturdida.

 - Não é apenas pelo juramento a uma rainha morta. Eu me importo com você, Ciri. Me importo de verdade. - Confessou, e havia doçura em sua voz. - Por isso tive medo de cruzar essa linha.

 Sorri e me inclinei sobre seu rosto, depositando um beijo lento e calmo em seus lábios. 

 - E ainda dizem que bruxos não tem sentimentos. 

 Então foi sua vez de sorrir.

 Deitei-me mais uma vez em seus braços, aconchegando a cabeça em seu ombro, inalando o odor adocicado de sua pele e sentindo seus fios alvos fazendo cócegas no meu nariz. Eu daria qualquer coisa para congelar aquele momento por toda a eternidade, para não deixar de sentir o seu calor, seus músculos se contraindo por debaixo da pele, seus toques. 

Lei do Destino [Reta Final]Onde histórias criam vida. Descubra agora