Promessas de Sangue

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Cirilla

Estava difícil acompanhar os passos largos e pesados do bruxo, que parecia deslocar-se na velocidade de um animal movido a fúria e sangue. Eu por minha vez também alimentava o meu corpo com o ódio desencadeado pela cena a nossa frente, e sendo assim, lutava para manter-me colada às passadas do lobo branco.

 Plotka relinchou, atraindo a atenção do grupo quando estávamos a apenas a alguns passos de distância. Os cinco homens voltaram-se para nós com seus sorrisos tortos e desdentados, esquecendo-se por breves segundos da moça seminua que até então aterrorizavam. 

 - O que está olhando, amigo? - um deles abriu os braços e se dirigiu a Geralt. -Você não foi convidado para essa festa, foi? Alguém chamou o mutante? Bogumil? Blazh? Chestirad? Foi você, Dalibor? 

 Um a um eles foram negando com cabeça.

 - Mas pode se juntar a nós se colocar sua puta no jogo. Não é, Athanasi? - Dalibor torceu os lábios de uma forma igualmente incômoda.

 Aquele chamado de Athanasi assentiu e encaixou os dedos gordos no cinturão.

 Todos tinham aparências deploráveis e fediam a suor, esterco e cevada. 

 Geralt emudeceu, passando os segundos seguintes apenas fitando o pequeno grupo com seu olhar duro e ameaçador. Notei, pelo canto do olho, quando suas narinas inflaram e um rosnado baixo de desaprovação subiu pela sua garganta. Eu, por minha vez, enraiveci diante das insinuações daquelas criaturas. Remexi-me em meu lugar ao lado do bruxo e cerrei os punhos. Minha boca havia se tornado uma linha fina e trêmula. 

 - Vamos levá-la conosco, então soltem-na e já vamos embora. - me pronunciei, dando um pequeno passo a frente. - Ou então a única coisa em jogo serão suas cabeças.

 Eles soltaram uma audível e desagradável risada que soava mais como porcos correndo em um chiqueiro. Cruzei os braços e alterei minhas expressões para uma carranca, contudo, logo fiquei preocupada quando percebi os movimentos lentos e disfarçados do meu guarda-costas que visava sutilmente alcançar a espada em suas costas. Arregalei os olhos e maneei a cabeça negativamente.

 - Eu escutaria a garota se fosse vocês. - Geralt alertou. 

 - Ou o que? - Blazh rebateu.

- Eu acabo com vocês com apenas uma mão. - o riviano respondeu

 Bogumil se posicionou atrás da jovem que mantinham aprisionada e a agarrou pelo pescoço. Seus longos e negros fios enroscaram-se nos punhos de seu mal-feitor, e mesmo aparentando medo e angústia ela não lutou por liberdade. Os únicos movimentos que fazia era quando os lábios tremulavam em seu rosto choroso. Enquanto isso, os demais sujeitos se deslocavam, andando em nossa direção, brandindo suas espadas enquanto debochavam, parecendo vangloria-se de seu maior número.

 - Não pense que terei pena da putinha depois que você não puder mais defendê-la. Se ainda estiver vivo, vamos fodê-la em todos os buracos possíveis e bem na sua frente. - meu corpo estremeceu e meu estômago revirou. Senti asco diante das palavras do viajante. Engoli em seco e tentei permanecer confiante e inabalável, mesmo que por dentro meu sangue estivesse correndo para o meu rosto e condensando-se em minhas bochechas. O homem deu mais um passo, ergueu a lâmina de dois gumes e os outros três o seguiram. - Depois eu posso matá-la e foder seu cadáver. O que acha da ideia, mutante? - Athanasi soou ameaçador.

 - Eu poderia dizer "nem por cima do meu cadáver"... - sibilei. 

 - Afaste-se. - Geralt mandou e eu logo o fiz, dando um passo para trás.

 - Já sei, tive uma nova ideia. Depois que nos divertirmos bastante com ela, posso te obrigar a comê-la. - o porco estava cada vez mais próximo, dando passos laterais de forma a nos circular juntamente com seus companheiros. - Viva e depois morta.

Lei do Destino [Reta Final]Onde histórias criam vida. Descubra agora