Ghouls

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Geralt

Posso dizer que a princesa estava dando trabalho pois eram inúmeros os homens que se aproximavam com a intenção de pagar por uma noite com a garota. Eles vinham até mim como se eu fosse o cafetão e tentavam comprar o corpo de Cirilla, que retribuía cada abordagem com um olhar tão mortal que seria o suficiente para incendiar toda uma vila.

- Cai fora. - eu repeti com aspereza em todas as vezes que a situação ocorreu.

A maioria dos homens iam embora na hora, no entanto, para aqueles mais ousados que tentavam contato físico com a minha protegida, bastava um soco bem dado no meio da fuça para que saíssem curvados segurando os narizes ensanguentados.

- Eu adoraria ter dado esse soco. - ela disse, cruzando os braços na frente do corpo e se reclinando, deixando transparecer sua irritação.

Sorri. Eu também já estava de saco cheio daqueles filhos da puta, então antes que eu me sentasse e observasse Cirilla colocar tudo abaixo com seu caos desgovernado, decidi que já era hora de ir.

Pouco antes do sol se por, Ciri e eu deixamos a taberna repleta de bêbados fedorentos e subimos até nosso quarto alugado. Ela se sentou na cama, inclinando o corpo para trás, o sustentando com os cotovelos. A olhei brevemente, contemplando a visão de seu busto bem demarcado, para em seguida me virar e ir em direção a minha bolsa de couro enquanto que por instinto eu chacoalhava a cabeça tentando me livrar dos pensamentos libidinosos que eu andava tendo, principalmente na presença da princesa.

- Então... - ela me observava enquanto eu retirava da bolsa alguns frascos com poções e os dispunha de maneira ordenada sobre a mesinha de cabeceira. - Nós vamos ao cemitério agora, não é?

Parei o que estava fazendo e virei levemente a cabeça, apenas o suficiente para vê-la pela minha visão periférica.

- "Nós" não vamos a lugar algum, princesa. - eu senti seu olhar penetrar através da minha pele.

- O que? Por que? - seu semblante de indignação mostrava que ela não fazia ideia do risco que correria me acompanhando, ou talvez a menina apenas estivesse brincando comigo.

- É perigoso demais. - me virei e apoiei o ombro na parede enquanto conversávamos. - Não poderei te proteger o tempo todo. O que você faria se visse um ghoul indo em sua direção, faminto por carne fresca, pronto para te dilacerar ainda viva?

- Eu chamaria meu herói de gibão de couro. - Em um gesto dramático, Cirilla levou uma mão a cabeça, posicionando-a próxima a têmpora. Ela deixou que seu corpo caísse sobre o colchão e permaneceu de olhos fechados por um instante, fingindo um desmaio. - Que tal? - sorriu e reabriu os olhos.

- Você mataria a nós dois. - sorri.

- Nesse caso - Ciri permaneceu deitada. - é melhor voltar vivo.

>>>

Coberto por um gorro que ocultava meu rosto e a espada em minhas costas, me dirigi ao cemitério, guiado pelo rapaz que havia requerido meus serviços mais cedo na taverna. Quando chegamos a uma bifurcação, ele estacou.

- E-e-eu não vou p-passar daqui. - anunciou com a voz trêmula. - O caminho da e-esquerda leva a-a-até o ce-cemitério.

- Está bem. - coloquei a mão em seu ombro, sinalizando que ele não precisava se preocupar. - Obrigado. Eu assumo daqui.

Cheguei ao meu destino, sendo cauteloso a cada passo que dava. Havia tomado a poção que amplificava meus sentidos pouco depois que deixei o quarto, então naquele momento ela já começava a fazer efeito. Com ela, e podia enxergar no escuro e ouvir ruídos como o farfalhar de uma folha sendo cortada por uma formiga.

Lei do Destino [Reta Final]Onde histórias criam vida. Descubra agora