Forcação de Barra

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Pov. Boris

Entrei no banheiro do meu quarto e fui tomar banho quando voltei da escola, Potter e eu íamos sair escondidos para variar. Pela janela do meu quarto, vulgo minha rota de fulga, tem como subir e descer sem precisar de escada, por causa de umas pedras muito salientes na parede enfeitada com pedras da lateral que da direto pro portão e é a parede da minha janela e a árvore, que também ajuda, Potter e eu já pegamos o macete, eu me preocupo que ele possa pisar em falso porque é um pouco desastrado e eu uso essa rota de fulga a mais tempo que ele, então sempre desço primeiro e o ajudo a descer, para garantir que ele não vá se machucar.

Fui tomar banho para sair e demorei um pouco, não é típico de mim tomar banhos longos, e é típico na verdade cabular o banho, mas hoje era um dia especial, eu pretendia pedir Potter em namoro.

Tomei meu banho mega caprichado, abri meu gabinete, olhei as dezenas de perfumes, cremes, loções pôs banho e outros produtos de cuidados com os quais Potter lotou meu gabinete do banheiro, aquela pele tão macia e cheirosa tinha um porque por trás, peguei qualquer perfume dos vários que vi, passei um pouco, guardei, enrolei a toalha na cintura e abri a porta, quando abri a porta vi algo horroroso.

Na minha cama tudo estava revirado, todas as drogas que eu tinha na minha gaveta e na mochila, claro que só para consumo próprio, em cima da minha cama, preservativos que eu tinha na minha gaveta de cuecas, também em cima da cama, e pior, meu pai furioso sentado na beira da minha cama com uma expressão furiosa no rosto e meu celular desbloqueado na mão, pelo visto por meu aniversário como senha foi uma burrice tremenda e parece também que agora meu pai lembra meu aniversário.

-"O- oi, pai..."

Eu disse inseguro e tremendo por dentro de medo. As drogas ele sabia, mas antes de nos mudarmos para cá, quando ele começou a querer uma mudança e de vida eu jurei que havia parado, e no meu celular tinha muita merda, merdas antigas também, e eu não sabia o quanto ele tinha visto para começar e me defender, mas pela expressão dele, ele tinha visto muito. O pior é que justo agora o Potter estava no shopping com a mãe dele/ minha madrasta, o plano era sairmos escondidos logo que ele chegasse em casa, logo seja lá o que meu pai quisesse fazer ele poderia, porque não havia ninguém em casa para obrigá-lo a segurar a onda. Eu estava parado gélido, meu pai se levantou, veio andando até mim pisando duro, me deu um tapa na cara que fez um som alto, entrou no meu Instagram e depois na minha conversa com a KT, rolou para cima onde havia nudes meus e dela.

-"Pode me explicar que pouca vergonha é essa?"

Ele disse bravo e bem perto do meu rosto, eu não sabia o que dizer então só disse que não eram nada, afinal era de uns dois meses antes de Audrey e Potter chegarem aqui.

-"n-nada."

-"NADA???? Vamos ver se não é nada."

Ele começou a ler o conteúdo de mensagens pervertidas minhas com a KT, realmente era tudo muito explícito e foi extremamente constrangedor para mim toda essa situação, quando mais ele lia, mais eu sentia meu rosto esquentar e meu estômago ferver enquanto a vergonha me corroía. Depois que ele saiu da minha conversa com a KT ele entrou nas minhas conversas com meu traficante e amigo de escola, o Jay, ele leu o conteúdo de encomenda, antes de tudo, não era perigoso trocarmos mensagens porque o Jay só vende para amigos, bem, pelo menos eu pensei que não tinha perigo...

-"ENTÃO É COM ELE QUE VOCÊ COMPRA? HEIN?"

Eu só abaixei a cabeça e não respondi nada, quando não respondi ele perguntou gritando mais uma vez, pegou algumas das drogas de cima da cama e jogou elas na minha cara.

-"EU FIZ UMA PERGUNTA!"

-"Sim..."

-"E você acha isso bonito?"

Eu não disse nada, permaneci com a cabeça baixa e quando vi levei outro tapa ardido na cara.

-"Agora vamos pro meu favorito, as suas conversas de WhatsApp e Instagram com alguém que eu mandei você tratar só como amigo ou irmão, não pedi?!"

Ele entrou nas minhas conversas com o Potter e lá havia todas as vezes que planejamos sair escondidos, matar aula para ficar juntos, declarações melosas de paixão e atração e fotos que tirávamos juntos que quando eram tiradas com meu celular ele me pedia para mandar para ele para ele ter também e vice-versa.

-"O que eu te falei?"

-"Para deixar ele em paz..."

Eu respondi baixinho em tom submisso e assustado, ainda olhando para o chão.

-"E o que foi que você fez?!"

Não respondi.

-"O QUE VOCÊ FEZ?"

Ele gritou na minha cara e me pegou pelo pescoço, e me prensou na parede, repetiu a pergunta.

-"Fiquei com ele mesmo assim..."

Falei com uma leve falta de ar e um pouco de medo e ao mesmo tempo um leve e inevitável desdém na minha voz.

Ele me soltou e pareceu se acalmar um pouco e repentinamente, ele me soltou, deu um passo para trás de forma galante e calma, e então:

-"Sabe, um colega meu do trabalho vem jantar aqui essa semana, e ele me disse que tem uma filha, Jane o nome dela, tem sua idade, garota radiante, eu a conheci uma vez que ela o acompanhou a uma reunião, sim... muito educada, morena bonita, alta, vocês ficariam ótimos juntos, vou pedir para ele trazer ela também, seria um jantar de negócios mais, agora será um jantar de família, seja educado com ela."

-"Não peça para ele trazer ela, eu não tenho interesse."

-"Não nos falávamos muito antes, mas do que me lembro você gostava de garotas, e se me lembro bem da sua idade ou mais velhas."

-"Não se trata minimamente dele ser garoto ou mais novo, realmente é bem fora do que eu costumo gostar, é novidade para mim e é estranho, mas eu amo ele."

Tomei outro tapa.

-"Não estou brigando por ele ser um garoto, você tem 16 anos, faça "aquilo" com quem quiser, mas não com o filho da minha noiva, o filho da sua madrasta, seu irmão de união! E se não reparou, eu já te disse e repito, ele é mais novo que você e é meio... estranhinho, você sabe, meio ingênuo também, criadão de apartamento, eu adoro ele, bonzinho, mas ele é esquisito! E se pretende ficar como está, de uma chance para Jane!"

-"Não acho que tenha nada de errado com ele, e eu não tenho interesse, já disse!"

Quando vi ele me pegou pelo pescoço, bateu minha cabeça na parede e me jogou no chão, depois bateu meu rosto contra o chão, na hora meu nariz sangrou, ele insistiu uma última vez que eu desse uma chance a Jane, eu não aceitei mas não recusei, só queria ele fora da minha cola.

-"Que dia eles vêm?"

Eu perguntei relutante e nada feliz com a ideia.

-"Quinta, hoje é domingo, tem tempo para arrumar esse quarto e dar um jeito nessa cara."

Ele disse olhando pro sangue do meu nariz e pro esfolado superficial da testa.

Ele saiu do meu quarto, eu fiquei no chão um tempo, depois me levantei e peguei meu celular, mandei mensagem pro Potter para ver se ele já estava vindo e que não pretendia sair mais, ele me questionou pelas mensagens e tentou me ligar, e eu disse que explicaria quando ele voltasse.

Não sei se conto tudo para ele ou só falo mais ou menos sobre a treta.

Boreo - "Irmãozinho"Onde histórias criam vida. Descubra agora