Passado

269 25 9
                                    

ATENÇÃO: Este capítulo pode acionar gatilho em alguns leitores, pois possui menção a depressão e agressão, é apenas uma menção mas se isso for te fazer mal sinta-se à vontade para pular este capitulo. É isso, perdão pela demora, bjs, amo vcs e espero que gostem do cap, caso forem ler. ❤️😘

Pov. Boris

Saímos para comemorar o aniversário do Potter, normalmente eu diria que esses passeios em família são patéticos, soa meio hipócrita para mim, tipo, não somos nenhuma família de comercial de margarina ou aquelas família perfeitas em propaganda de imobiliária, mas estava sendo legal, meu pai e Audrey já pareciam casados, um casamento bom, tipo ver eles andando juntos pelo shopping deixa claro que eles são mesmo apaixonados um pelo outro, é até bonito de ver, e eu diria que estávamos todos em sintonia, meu pai foi tão legal e tão cuidadoso comigo o tempo todo, tão fraternal, a sensação era boa, eu me sentia mesmo parte de uma família de propaganda, não era meu dia mais eu me diverti. Potter estava radiante, acho que ele se sentia iluminado por uma nova perspectiva e parte de algo bom também.

Estávamos dentro de uma loja de roupas vendo algumas coisas pro Potter, e depois iríamos a perfumaria, afinal ele adora, o que podemos fazer se ele já tem uns mil perfumes? Mas dentro da loja de roupas meu pai atendeu uma ligação, a expressão dele mudou totalmente e ele saiu da loja para terminar o telefonema, depois de atender o telefone ele continuou super legal com Audrey e Potter, mas estava um babaca comigo, nisso meu humor mudou também, estava bom demais para ser verdade, mas não deixei meu mal-humor estragar o dia do Potter.

Fomos até a perfumaria e Potter comentou que depois queria comer um pretzel.

"Vou ao banheiro, já volto, ok!? Aqui, querida, fica com o meu cartão." Meu pai disse.

"Não, amor. Você já deu a camiseta e a calça para ele, deixa que eu dou o perfume."

"Bobagem, segura o cartão e compra o que o menino quiser, tenho sorte de ter te encontrado, Audrey. Já volto."

"Tudo bem, te esperamos aqui ou te encontramos na praça de alimentação?"

"É bem rápido, mas se forem mais rápidos que eu eu encontro vocês lá."

"Certo."

Depois desse pequeno diálogo entre meu pai e Audrey eu decidi que iria para confrontar meu pai, queria saber o que tinha acontecido para ele mudar assim tão de repente comigo, então esperei ele ir e depois de mais ou menos uns dois minutos fui atrás. Entrei no banheiro e o encontrei lavando as mãos e depois arrumando a gravata no espelho. Quando entrei ele nem olhou para mim, como seu não me conhecesse.

"Que porra é essa? Por que está agindo assim?"

"O pai do Paul me ligou. Sabe alguma coisa sobre venda de drogas? Ou sobre o estoque que o Paul mantinha em casa dentro de uma antiga mochila de escola dele?"

Arregalei os olhos, engoli em seco e não respondi nada. Meu pai riu maldoso e debochado.

"É..., imaginei que sim. Quer saber? Não vamos ter essa conversa aqui, não quero estragar o dia do garoto, ele não tem nada haver com a sua... como posso dizer? Falha de caráter gigantesca, ou burrice em pensar que eu nunca saberia. Você achou o que? Que você e seu amigo iam vender drogas, ficar ricos e viver felizes para sempre? Ah, fala sério! Não fode! Esse é exatamente o tipo de coisa que acaba com a vida das pessoas, dinheiro fácil leva à ruína, dinheiro que entra fácil, vai embora fácil, aí você consegue tipo cinco mil em um mês mas na primeira semana do outro mês você não vê nem sinal daquele dinheiro, ai você tem que vender mais e mais, como uma maldição. Ou você fica fissurado em metas que nunca param de crescer. Tipo você pensa que só vai vender para, pro exemplo: comprar um celular novo, aí você consegue o dinheiro e compra o celular novo, aí você estabelece outra meta, tipo: só vou vender até juntar dinheiro para comprar um carro, aí você compra, mas depois você quer um terreno e promete para si mesmo que depois dessa outra meta vai parar, mas aí você quer construir uma casa nesse terreno, e aí você tem o dinheiro da casa mas quer uma casa maior, depois quer que a casa tenha piscina, depois uma piscina enorme, depois um salão de festa, depois uma hidromassagem, e assim vai indo, você estabelece uma meta e promete a si mesmo que vai parar depois de alcançar mas sempre cria uma meta nova, e depois de anos o negócio já cresceu demais para parar agora, e é assim que as pessoas ficam presas nisso. Acredite, já fui preso por tráfico, quando tinha a sua idade, consegui muitas coisas, mas como eu disse dinheiro que entra fácil vai embora fácil, a polícia confiscou meus bens porque nada era declarado e perdi tudo, porque não dá para declarar dinheiro sujo, como eu explicaria como um menino de quase 17 anos tem tudo aquilo se não tem emprego, é filho da pais pobres e não tem um comércio próprio e nem nada? Bem eu tinha mas tráfico é crime, não trabalho autônomo. Foi assim que fui parar na mineração, aos poucos conquistei a confiança dos que eram importantes e subi de escalão lá dentro, por isso eu ganhava bem, mas na Sibéria... minerando naquele frio, tinham caras que perdiam as orelhas e os dedos dos pés por congelamento, acredite, me fodi muito para chegar onde eu tinha chegado. E o resto da história você já sabe."

Boreo - "Irmãozinho"Onde histórias criam vida. Descubra agora