Negócios são negócios

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Pov. Boris

Desde que meu pai viu meu celular e achou minhas drogas e afins, ele não tem mais me dado dinheiro, eu tinha um pouco guardado, mas agora está acabando. Não me importa muito, a um ano e meio atrás ele nunca me dava dinheiro e eu me virava muito bem, filava comida com amigos, abatia carteiras às vezes, entrava no mercado e conseguia sair com algo por dentro do moletom largo e gasto que eu usava para furtos em lojas e mercados, aquela vez que eu fiquei cerca de duas semanas na rua não que meu pai tenha me expulsado mas estava agitado demais e tinha levado pessoas para a casa, brigas, apostas, gritaria, sexo, rinhas, discussão, um verdadeiro caos, então sai, e me virei muito bem até poder voltar, as outras vezes que isso aconteceu durou só uns dois ou três dias, aquela sem dúvida foi a farra mais longa, mas hoje ele mudou da água pro vinho, é uma ótima pessoa, não posso reclamar, mas ele também não deveria me julgar, uma pessoa com um passado desse não deveria julgar ninguém.

O ponto é: ficar sem mesada é o de menos, a casa está linda, toda decorada, graças a Audrey, a casa está sempre limpa, hoje meu pai limpa a casa sempre e Audrey é quem cozinha, às vezes meu pai ajuda ela na cozinha, ele até lava a louça, coisas que ele sempre odiou fazer, meu pai está bem, eu tenho a Audrey agora, a casa é um lar e o mais importante, eu tenho o Potter. Mas eu preciso do dinheiro porque eu acho que já está mais do que na hora de eu fazer um pedido formal de namoro, com aliança e tudo, eu queria fazer o pedido já há algum tempo, e preciso do dinheiro para comprar as alianças mais fodas que eu puder achar na joalheria, e eu vou arrumar o dinheiro da minha maneira para fazer ele feliz, conhecendo o Potter como eu conheço, eu sei que ele vai pirar quando ver as alianças.

Antes de vir para Vegas, ainda em Nevada, eu e um amigo tínhamos começado um pequeno negócio, vendíamos maconha, mas não traficantes como nos filmes, mas sim dois merdinhas vendendo saquinhos de 20 gramas de erva por 10 dólares, para ser justo não era lá aquelas coisas em qualidade, mas quebrava um galho, só fiquei nessa por uma semana antes de vir para de helicóptero, e então nunca mais fiz isso desde então, mas ontem de noite recebi umas mensagens, o Paul quer alguém para ajudar nas vendas, e até onde sei ele fatura bem, sei que isso é horrível da minha parte, mas eu não pretendo entrar nisso por muito tempo, só quero juntar o bastante para comprar as alianças e então saio fora, acho que em 1 mês ou 1 mês e meio deve ser o bastante para conseguir uma boa quantia.

Antes que eu pudesse responder ontem de noite eu precisei bloquear a tela, Potter estava de conchinha comigo e ele quase acordou com a luz do celular no rosto, não sei o que ele pensaria disso mas aposto que ele pensaria muito mal, eu penso mal, e não quero aborrecê-lo, só fazê-lo feliz, hoje pensei melhor e mandei mensagem pro Paul.

-Preciso falar com vc.
-Pensei na proposta.
-Eu aceito.
-Mas precisamos conversar.
-Me encontra hoje as 23:40 naquela praça perto da sua casa.
-Perto do chafariz.


                                                      -Até que enfim!
                                                      -Blz
                                                      -Vou esperar.
                                                      -Não demora ;)

Esperei chegar o horário marcado, pouco antes da hora avisei o Potter que precisava sair.

-"Mas... tão tarde?"

-"É... preciso ver um amigo."

-"Não está comprando de novo? Está?"

-"Não, está tudo bem, é só que... bem é complicado, mas você vai ver, vai ser bom no final."

-"Do que você está falando?"

-"Depois eu te explico. Agora dorme."

Dei um beijo nele, ele me parecia confuso e chateado, parece que ele sabe que tem algo errado nisso tudo. Sai pela janela como sempre fazia, para não acordar meu pai e Audrey descendo as escadas e saindo pela porta.

Boreo - "Irmãozinho"Onde histórias criam vida. Descubra agora