Barulho

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Pov. Theo:

Chegamos em casa e minha mãe e Luri o pai de Boris estavam inquietos e pareciam preocupados, quando nos viram abrir a porta pareciam com sentimentos conflitantes de raiva e alívio profundo.

-"Onde foram?"

Luri perguntou.

-"Nada, eu... só passeando."

-"Passeando? Não vemos vocês desde ontem!  Onde estavam?"

-"Calma pai, não foi nada, nós só-"

Disse Boris antes de ser interrompido pelo pai que se aproximou dele abruptamente.

-"Isso é cheiro de álcool? Álcool e maconha... vou perguntar só mais uma vez. Aonde vocês foram?"

Sr. Pavlikovsky estava com o rosto a centímetros do de Boris com um olhar ameaçador, sobrancelhas baixas, lábios comprimidos e os punhos cerrados atrás das costas, Boris parecia confuso e com medo, Boris não costuma ter medo de nada, até onde sei, seu único medo era o próprio pai.

-"Aonde estavam? Fala Boris."

-"Nada demais..."

Sr. Pavlikovsky deu um soco na parede atrás de Boris o que deixou Boris em choque.

-"Uma festa."

-"Todo esse tempo? E levou ele para uma festa com álcool e drogas? Fala logo aonde foram?"

-"Não sei do que está falando."

-"Depois da festa, aonde foram?"

Boris continuou quieto, seu pai então o pegou pela gola da camiseta e o encurralou na parede. Boris fechou os olhos com força enquanto Luri chacoalhava ele e gritava com ele.

-"Na casa do meu pai."

Eu disse, eu não queria que Boris apanhasse sendo que foi eu quem quis sair, e eu tive a ideia de procurar meu pai. Sr. Pavlikovsky soltou Boris e olhou para minha mãe com ar de dúvida, minha mãe então pareceu desorientada.

Ela se jogou no sofá atrás dela, ela estava pálida e parecia horrorizada.

-"Espera... o Larry? Não faz sentido, como encontrou ele? Ele foi embora sem deixar nenhuma pista de para que lugar foi e nunca nos procurou. Como achou ele?"

-"Mãe, o Boris era vizinho dele, mas nem ele e  nem o Sr. Pavlikovsky sabiam que era meu pai, Boris falou um pouco sobre ele e as características batiam perfeitamente então eu quis checar e era ele mesmo."

-"Que? Aqui? Em Vegas?"

-"Sim, só que na parte afastada."

-"Meu Deus..."

-"Mãe? Tá tudo bem?"

-"Não acredito que você passou um dia fora com ele."

-"Não, nós mal ficamos lá."

-"Filho, na festa... você foi?"

-"Fui..."

Eu não podia mentir para ela, eu odeio mentir para ela.

-"E você também bebeu?"

-"Sim..."

-"Maconha também?"

-"Sim..."

Ela abaixou o rosto decepcionada, ela parecia muito chateada mesmo, ela odeia o uso de álcool e drogas, ela acha que além de fazer mal ao corpo faz mal a mente e que o uso do álcool e das drogas é degradante para o ser humano, porque alteradas as pessoas fazerem coisas que jamais fariam sóbrias, e quanto efeito passa tendem a querer usar de novo. Ela apenas colocou as mãos no rosto e me mandou subir para meu quarto, subi em silêncio e preocupado com o que eles diriam ao Boris.

Do meu quarto escutei muita gritaria, pelo menos da parte do meu padrasto/sogro, a voz da minha mãe nem se ouvia, quando ela fica chateada ela mal consegue falar, ela só fica em silêncio e se isola, pelo menos quando morávamos eu, ela e meu pai e ele dava trabalho e ela ficava irritada ela só o ignorava, e se eu ficava desconfortável ou com medo dele bêbado nós saíamos só nós dois e ela me deixava fazer tudo que eu queria e deixava eu escolher os lugares onde íamos, o que íamos comer e as vezes ela comprava algum brinquedo que eu quisesse muito, então o dia se tornava bom o especial rapidamente.

Lá em cima, sozinho no meu quarto eu me sentia sufocado, não saber o que estava acontecendo e o que estavam dizendo por mais que eu tentasse ouvir estava me deixando louco, eu me sentia sem ar e zonzo, eu queria que as coisas se resolvessem, eu queria voltar no tempo para nós nunca sairmos, era uma sensação de desconforto terrível, como um peso no peito, uma culpa, coração acelerado, falta de ar como se eu estivesse em um ambiente com pouquíssimo oxigênio.

Não parava de passar pela minha cabeça o que aconteceria depois, esse excesso de futuro, pensando no que aconteceria daqui em diante estava me consumindo. Eu estava imóvel em silêncio absoluto tentando ouvir mas não conseguia entender uma palavra do que diziam, o que me deixava mais agitado.

Boreo - "Irmãozinho"Onde histórias criam vida. Descubra agora