Pov. Theo
Eu não via meu pai a muito tempo, foi bem estranho vê-lo, ele estava totalmente diferente de quando vi ele pela última vez, estava corado, bronzeado, havia engordado também, até seu estilo estava diferente, antes ele estava sempre com terno, gravata e sapato social na maioria das vezes ou camiseta social com um bom jeans em eventos mais casuais que eram raros, agora ele vestia estilo esporte, tênis branco, conjunto esportivo calça e jaqueta na cor azul com duas listras brancas do lado, cabelo mais escuro e raspado dos lados, torci o nariz com o cheiro de cerveja e perfume barato, ele estava bem diferente do que eu me lembrava.
-"Amigão! Quanto tempo, não? Faz o que? Um ano e meio? Dois anos?"
-"Um ano e sete meses."
Respondi o mais seco que pude, ele estava começando a ficar sem graça.
-"Não vai me chamar para entrar, pai?"
-"Claro, amigão. Pode entrar."
Disse ele saindo da frente da porta e deixando que eu e Boris entrássemos.
Lá dentro, sentada no sofá havia uma mulher loira, dava pra ver que não era natural, mas era bonita, muito bronzeada, fumando um cigarro e segurando um copo com gelo e alguma bebida dentro, me aproximei, ela era musculosa e tinha as pernas bem definidas, usava uma regata branca decotada é um short cinza de linho. Ela me olhava com surpresa e desdém.
-"Larry, que porra é essa?"
-"Eu sei que não te falei, merda! Devia ter te falado antes... vamos conversar lá em cima."
-"Merda, Larry!"
Ela largou o copo e apagou o cigarro no cinzeiro quadrado de vidro que havia na mesa de centro, e subiu raivosa e pisando duro, meu pai foi atrás com aquela cara carismática e triste que costumava usar para manipular situações na qual estava errado para no final poder sair como a grande vítima.
Boris e eu ficamos lá em baixo, ele pegou uma garrafa de gim que estava em cima do balcão da cozinha e se serviu como se a casa fosse dele, me aproximei confuso e meio trêmulo com a confusão, fiquei pensando se foi mesmo a decisão certa vir até meu pai, mas cheguei à conclusão de que foi uma ideia péssima tomada no desespero pelo medo de mandarem Boris para longe, e não é como se tivéssemos outro lugar para ir, então na hora parecia uma boa ideia.
-"Toma, Potter, você precisa."
Disse Boris estendendo o copo de gim para mim, tomei, o gosto era ruim e desceu queimando tudo, mas era um pouco mais suave que a vodca e não importava muito, continuei tomando até ver o fundo do copo.
-"Sua cara está uma merda, Potter."
-"Vai se foder!"
-"É verdade! Está abatido! Demonstre mais confiança se quiser ficar um tempo aqui."
-"E para que porra isso serve?"
-"As pessoas gostam mais de pessoas que agem de maneira mais confiante, e ele é seu pai, não precisa ficar assombrando desse jeito."
-"Assombrado?"
-"Você entendeu, fodido, assustado, não sei como se diz em inglês."
-"Tanto faz, acho que foi uma péssima ideia. Vamos embora?"
-"O que??? Acabamos de chegar! E vocês aparecer criou encrenca entre seu pai e a prostituta do GTA, agora temos que ficar para acertar as coisas."
-"Besteira! A culpa é dele se ele escondeu dela que tinha um filho, não use esconde esse tipo de coisa de ninguém, ainda mais de alguém que você está praticamente casado."
-"Não sabemos da vida dele, Potter, não podemos julgar ele assim."
Podíamos ouvir meu pai e ela falando alto no andar de cima, pude ouvir ela gritar "um filho? Fala sério! Um filho não estava no pacote!" Depois ouvi coisas caindo.
-"Vamos embora logo."
-"Potter, para de ser histérico! Está tudo bem, ela só está surpresa."
-"Boris, sério, foi uma péssima ideia! Não devíamos estar aqui, nada disso deveria estar acontecendo. Minha mãe vai ficar maluca quando perceber que sumimos, já devem estar procurando a gente. Não sei nem quanto tempo até procurarem a polícia."
-"Para de ser tão paranóico! Vamos ficar bem."
-"Não acho."
-"Espera só mais um pouco, Potter!"
Esperamos depois de umas cinco horas tudo parecia bem, Xandra (minha madrasta que eu nem sabia que tinha) ainda me olhava com raiva, mas pareceu gostar de Boris.
Nós explicamos a situação e meu pai parecia estar sendo muito compreensivo, ele fez até aquela cara de paizão preocupado que me acertou em cheio, eu estava realmente surpreso, mas não achava que poderia confiar em suas feições, ele não tinha fama de mentiroso e manipulador por nada, e era um ótimo ator, com toda certeza eu tinha que admitir.
-"Então eles querem separar vocês, e por isso vieram para cá?"
-"Quase isso."
Meu pai se virou para mim casualmente e disse debochado:
-"Um garoto, amigão... eu não esperava nada diferente de você, sempre teve um jeitinho... não leve a mal, não é como se eu me importasse, mas devo admitir que o seu russinho é bem legal."
Disse Boris com uma bolacha na boca.
-"Entendi, podem ficar um dia, mas não mais que isso, porque eles podem chamar a polícia pensando que desapareceram se ficarem tempo demais. E mesmo que seja só um dia seria melhor vocês avisarem, não quero encrenca."
-"Mas se contarmos que fugimos para ele não ir pro internato eles vem aqui, buscam a gente e podem decide algo pior. Pai.... você sabe que a mamãe não vai com a sua cara, ela vai odiar saber que vim."
-"Sim, não é como se eu gostasse dela de qualquer forma também, aquela vadia é muito rancorosa, não sei o que ela te disse nesses quase dois anos desde que fui embora mas todo casamento tem dois lados."
-"Ela não é nada disso, e não me disse nada que eu mesmo já não soubesse."
-"Defendendo ela, como sempre. Tem certeza que quer ficar? Porque... olha amigão, eu não acho uma boa ideia."
-"Tá expulsando a gente?"
-"Não! Não! Claro que não. É só que eu acho perigoso vocês dois simplesmente passarem um tempo aqui sem avisarem ninguém, ainda mais sabendo como uma mãe é... como posso dizer? Bem, vamos dizer superprotetora ."
-"Tanto faz. Boris, vamos embora."
Boris não questionou ou se opôs dessa vez, apenas me seguiu até a porta. Chamamos um táxi e assim que ele chegou fomos embora para a casa.
Foi uma ideia idiota tudo isso, acho que não é como se nós pudéssemos nos livrar do que nossos pais decidam, não agora enquanto somos menores e enquanto dependemos deles.b
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Boreo - "Irmãozinho"
Novela JuvenilAudrey Decker é uma linda mulher, em todos os sentidos e mãe de um garoto doce chamado Theodore Decker, conhecido apenas por Theo. Luri Pavlikovsky é um pai não tão bom e nem tão boa pessoa mas luta par se tornar, e é o pai de um garoto também não t...