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CAMILA

Eu me sentei ao lado de Nico, faltava apenas algumas horas para o pôr-do-sol e Percy ainda não tinha voltado. Se o maldito filho de Poseidon não conseguisse limpar um simples estábulo e nos deixasse ser capturados, eu o mataria.

- Ele é um idiota. - Nico bufou. - Vai acabar sendo comido pelos cavalos.

Apesar de só ter 11 anos agora, o garoto parecia mais velho, provavelmente mexer com os mortos dava essa aparência aos outros.

- Bom, já devia saber que ele é idiota. - dei de ombros.

- Mesmo assim, é pura estupidez se arriscar desse jeito.

- Você está preocupado com ele? - eu ri, mas assim que vi as bochechas coradas de Nico parei, arregalando os olhos. - Nico, você...

- Pare! - ele mandou - Só... pare de falar! Pare de agir como minha amiga ou o que estiver fazendo, só pare.

E dito isso ele se afastou pisando duro.

Deixei meu corpo encostar na madeira. Oh, deuses, então era isso.
Pobre Nico, ele deve estar se sentindo terrível, seu coração e cabeça devem estar uma confusão com tantos sentimentos diferentes. Luto, raiva, decepção... Não era surpresa que ele estava assim.

Geríon se levantou.

- Muito bem, vamos amarrar vocês. E depois fazer um churrasco!

****

PERSEU

Senti o cheiro de churrasco antes de alcançar a casa, e isso me deixou ainda mais furioso, pois eu adorava churrasco.

O deque estava arrumado para uma festa. Faixas e balões decoravam acerca. Geríon virava hambúrgueres em uma imensa churrasqueira feita comum velho tambor de óleo. Euritíon espreguiçava-se a uma mesa, cutucando-as unhas com uma faca. O cão de duas cabeças farejava as costeletas e os hambúrguer que grelhavam. E então vi meus amigos: Tyson, Grover, Cami, Annabeth e Nico, todos amontoados em um canto, como animais em um rodeio, com tornozelos e punhos amarrados, e amordaçados.

- Solte-os! - gritei, ainda sem fôlego por causa da corrida. - Eu limpei os estábulos!

Geríon virou-se. Usava um avental em cada tórax, com uma palavra em cada um deles, de modo que se podia ler nos três juntos: BEIJE - O - COZINHEIRO.

- Você limpou? Agora? Como conseguiu?

Apesar de bastante impaciente, contei a ele. Ele assentiu, admirado.

- Muito engenhoso. Teria sido ainda melhor se você tivesse envenenado aquela náiade irritante, mas não tem importância.

- Solte meus amigos - eu disse. - Fizemos um acordo.

- Ah, estive pensando no assunto. O problema é que, se eu os libertar, não recebo o dinheiro.

- Você prometeu!

Geríon negou com um tsc-tsc.

- Mas você me fez jurar pelo Rio Estige? Não, não fez. Então não vale. Ao conduzir um negócio, filhinho, deve-se sempre exigir o juramento.

Puxei minha espada. Ortro rosnou. Uma cabeça aproximou-se dai orelha de Grover e arreganhou os dentes.

- Euritíon - disse Geríon -, esse garoto está começando a me aborrecer. Mate-o.

Afterglow [Percy Jackson]Onde histórias criam vida. Descubra agora