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CAMILA

Sob diferentes circunstâncias eu teria amado a vista do terraço. Via-se diretamente abaixo na direção do Central Park. A manhã estava clara e brilhante — perfeita para um piquenique ou uma caminhada, ou praticamente qualquer coisa menos combater monstros.
Mas o fato de eu estar tremendo de frio e em dor não ajudava-me a apreciar o lugar. Eu sabia que minha face estava pálida e ensopada de suor. Ainda que estivesse coberta com lençóis, eu tremia. Silena Beauregard estava enxugando minha testa com um pano frio e Annabeth segurava minha mão quando vi Percy e Will chegando.

Will desamarrou as ataduras de para examinar a lesão, e eu quis desmaiar. O sangramento havia parado, mas o golpe parecia profundo. A pele em volta do corte estava num tom de verde horrível.

- Mila... - Percy engasgou.

Rolei meus olhos, tossindo.

- Acalme-se, peixinho, está pior do que parece. - ele me olhou em pânico - Brincadeira.

- Veneno na adaga. - falou Annabeth.

- Foi meio estúpido da minha parte, huh? - fiz uma careta de dor, parecia ter alguma coisa queimando.

Will Solace expirou de alívio.

- Não é tão ruim, Camila--

- Cami. - interrompi - Só porque estou morrendo não significa que ainda não posso esfaqueá-lo por usar meu nome.

Will escondeu o sorriso, o que me fez resmungar.

- Certo, desculpe.

- Onde está Michael? O que aconteceu?

O olhar de Percy escureceu. 
Bati a cabeça contra o banco.

- Merda. Eu devia ter ajudado.

- Você não está em condições de ajudar ninguém. - retrucou Annabeth.

- Alguns minutos a mais e nós estaríamos com problemas, mas o veneno ainda não passou do ombro. Apenas fique parada. - instruiu Will.

- Como se eu pudesse me mexer. - murmurei.

- Ficar quieta também ajudaria. Alguém me passe um pouco de néctar.

Percy pegou um cantil. Will limpou a ferida com a bebida divina enquanto eu segurava a mão de Annabeth.

- AI! - reclamei. - Filho da puta! Puta que me pariu, que dor do cacete.

Agarrei os dedos de Annabeth tão forte que eles ficaram roxos, mas fiquei parada, como Will pediu. Silena murmurou palavras de incentivo. Percy se encontrava me olhando com cuidado. Will pôs um pouco de pasta prateada sobre a ferida e sussurrou palavras em grego antigo — um hino para Apolo. Então ele aplicou bandagens frescas e levantou-se trêmulo. A cura deve ter tirado muito de sua energia. Ele parecia quase tão pálido quanto eu.

- Isso deve bastar, - ele disse. - Mas nós vamos precisar de alguns suprimentos mortais.

Ele pegou uma parte dos artigos de papelaria do hotel, rabiscou algumas anotações, e entregou para um dos filhos de Atena.

- Há uma Duane Reade na Quinta Avenida. Normalmente eu nunca roubaria--

- Eu roubaria. - Travis se voluntariou.

Will olhou fixamente para ele.

- Deixem dinheiro ou dracmas para pagar, o que quer que vocês peguem, mas isso é uma emergência. Tenho a sensação que teremos muito mais pessoas para tratar.

Afterglow [Percy Jackson]Onde histórias criam vida. Descubra agora