Catorze

160 29 2
                                    

Dois dias se passaram, Nikolas foi procurar a general mas não a achava, então ele treinou com o coronel Callman.

Nikolas se perguntava se havia feito algo errado e talvez a mulher estivesse chateada, ou talvez ela estivesse ocupada, ela ainda era uma general e tirou muito do seu tempo para focar nos treinos de Nikolas.

Depois do seu primeiro treino do dia, ele foi atrás do coronel que caminhava para ir ao prédio dos oficiais. As primeiras gotas de chuva já caiam do céu e molhavam o acampamento.

- Senhor.- Nikolas o chamou, Callman parou e olhou o recruta.

- Diga, Roman.

- Onde está a general Montagov? Eu não a vejo tem dois dias.

- Não sei, tivemos algumas reuniões para discutir estratégia mas não a vejo desde ontem. E hoje é um dia especial.

- O que tem hoje?

- É o aniversário da general.- Nikolas revelou surpresa em seu olhar.- Ela não te contou?

- Não.

- Tudo bem, eu também não saberia se não tivesse olhado nos registros dela quando nos conhecemos. Ela não é do tipo de pessoa de se abrir, talvez com Ivanov.

- Você tem uma ideia da onde ela pode estar?- O coronel fez uma cara como se estivesse pensando.

- Sim, acho que tenho uma ideia.



Toda vez que ela volta para o campo, ela visita o túmulo dele. Normalmente faz o mesmo no seu aniversário, alguns acham estranho mas eu vejo como uma forma de afeto.

A voz do coronel ecoou na cabeça de Nikolas, o homem nem almoçou, apenas pegou uma capa verde escura e começou a andar na direção do cemitério atrás do campo. A chuva apertava mas o capuz protegia a cabeça de Nikolas da água.

Ele passou o portão do mesmo e observou o local, era sua primeira vez lá. O cemitério era na parte onde havia grama, diferente da onde ficava as cabanas e área de treino. As lápides cinzas com nomes de soldados eram molhadas pela chuva.

Nikolas passou o olhar no cemitério e encontrou a general. A mesma estava sentada de baixo de uma árvore, o capuz da capa preta cobria seu rosto. Ao lado da árvore havia uma lápide, quando Nikolas se aproximou mais do local, viu um buquê pequeno de flores brancas sendo encharcadas.

Ele se aproximou da mulher, ela abriu os olhos e olhou para cima.

- Me farejou até aqui, Roman?

- Tive meu informante.- ele esticou a mão e ela aceitou, a mulher se levantou e eles ficaram lado a lado ao túmulo. A general ajeitou o buquê para que a chuva não estragasse por completo e começou a andar.

Nikolas ficou ao seu lado e eles andaram em silêncio. O homem sabia que o corpo de Jean não estava no cemitério, a notícia havia chegado aos seus pais e eles decidiram que iriam enterrar o filho em sua terra natal e não em um cemitério qualquer.

- De quem era o túmulo?

- Um homem. Um soldado que era quase um pai para mim.

- Foi a pouco tempo?

- Alguns dias depois de eu fazer dezesseis anos, então já tem algum tempo.- ela cruzou os braços pelo vento frio.- Ele sempre me dava flores brancas no meu aniversário, então eu resolvi retribuir o favor algumas vezes.

- Hoje é um dia especial?- perguntou mesmo sabendo a resposta.

- Não.- mentiu, Nikolas balançou a cabeça por dentro do seu capuz e mudou de assunto.

O Chamado de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora