Trinta e Nove

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O pós-guerra é um momento que Nikolas nunca pensou que veria.

Os generais foram para a capital conversar com a Imperatriz sobre o que seria do reino agora que a guerra acabou, as pessoas que estavam dentro dos Aris deram seus depoimentos aos oficiais. Eles eram civis, muitos de origem dos subsolos, o reino de Arenia ofereceu uma grande quantia de dinheiro a aqueles que aparecessem nos laboratórios.

Nikolas se lembrou que no subsolo tinha muitos cartazes de pessoas desaparecidas.

A notícia havia chegado em Arenia e o povo não parecia contente, aparentemente eles estavam planejando uma revolução para derrubar o governo e colocar outra família de nobres para governar.

O reino saiu de uma guerra para entrar em outra.

Houve muitos feridos, alguns soldados foram encaminhados para a capital para receberem tratamentos psicológicos. A guerra deixava marcas em todos, visíveis ou não.

Nikolas estava na enfermaria quando Yelena partiu, então esses dias ele dormiu e os médicos cuidaram dos seus ferimentos. Quando saiu da enfermaria, o campo ainda estava em clima de comemoração, não haveria mais treinos por enquanto e os soldados poderiam voltar para ver suas famílias.

Hoje era mais uma noite de comemoração, a área de treino foi ocupada com músicos e pessoas dançando, soldados riam e bebiam com amigos, alguns beijavam seus amores.

- Nikolas!- ele virou e encontrou Atlas, os dois abriram um sorriso e se abraçaram. Nikolas sabia que o amigo estava vivo porque não tinha visto seu nome na lista de mortos.- Acabou! Finalmente!

- Nem me fale. Você está bem?- ele separou o abraço.

- Tiro no ombro, mas estou sobrevivendo.- ele riu.

- Sofri apenas alguns arranhões.- mostrou as mãos, as palmas estavam enfaixadas, o arranhão do seu braço também foi tratado.- Quando irá voltar para o vilarejo?

- Em breve, irei aproveitar as comemorações aqui mas já avisei meus pais que estou bem. E você?

- O mesmo.

- Atlas.- um homem se aproximou com dois copos, Nikolas reconheceu que era o enfermeiro que tratou Atlas depois do ataque no navio. O enfermeiro entregou um copo a Atlas.

- Obrigado...Ahm, Nikolas esse é Ryu, Ryu esse é Nikolas, meu amigo.- Nikolas acenou levemente e Ryu assentiu sorrindo fraco.

- É um prazer conhecê-lo.

- Digo o mesmo.

- Se junte a nós.- Atlas diz, Nikolas abriu a boca para responder mas sua atenção foi para os portões do campo que abriram.- Ah, já entendi. Vamos continuar nos falando, não é? Eu ouvi dizer que amizades feitas na guerra são duradouras.

- É claro, além do mais, não tem como você escapar de mim, moramos no mesmo vilarejo.- Atlas riu, Nikolas pediu licença aos dois e se afastou.

- Ele é bem bonito.- Ryu diz olhandos as costas de Nikolas.

- Eu estou aqui, tá bom? E ele é da general Montagov.

- Eu sei.- sorriu para Atlas, o enfermeiro o puxou para perto das pessoas que dançavam.

Nikolas parou de andar quando Yelena desceu do cavalo, um soldado levou o animal e a mulher se virou para Nikolas. Para a surpresa dela, ele colocou o braço na sua cintura a puxando para perto e a beijou.

Yelena colocou as mãos no ombro do mesmo e retribuiu o beijo. Ivanov se afastou rindo enquanto tirava as luvas de couro, Hellsink assoviou pronto para provocar Yelena mas Ivanov o puxou para deixar os dois sozinhos.

Eles separaram o beijo e se olharam, a mulher sorriu fraco.

- Como foi na capital?

- Muita burocracia e tive que aguentar a Imperatriz, mas está tudo bem e trago uma boa notícia.

- O que?

- Wilson será preso por aplicar o soro sem o consentimento das vítimas e eles iram pesquisar uma cura.

- Não sei se quero uma cura.- ela inclinou um pouco a cabeça.

- Prefere ficar preso a mim?

- Acho que prefiro.- ele a beijou novamente.

- Estou falando sério, Nikolas.- colocou as mãos no peito dele, o afastando. - Quando tivermos o soro, você irá tomá-lo.

- Eu irei, apenas estava brincando. Já que a guerra acabou, acho que você não precisa mais de um cão de guarda.- Yelena riu.

- A guerra acabou mas ainda teremos bailes da Imperatriz. Talvez eu precise de um cão de guarda neles.- Nikolas sorriu.

Eles começaram a andar lado a lado, a general segurava o cotovelo do seu soldado.

- Estou exausta, nem comemorarei hoje, apenas quero uma farta janta e minha cama.

- E uma taça de vinho da adega de Hellsink?

- Talvez um bom vinho caia bem.- Nikolas beijou a cabeça de Yelena e depois seu lábios foram para perto do ouvido de general.

- Eu te amo.

- Não precisa sussurrar, acho que está bem claro.- ela o olhou e eles riram.- Eu também te amo, Nikolas. E falarei isso mil vezes.

Ela colocou o braço na cintura do homem e eles se afastaram andando na direção do prédio dos oficiais.

O Chamado de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora