Vinte e Nove

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No subsolo não era possível saber quando era dia ou noite, Yelena e Nikolas foram acordados com batidas na porta do quarto. Os dois se encararam por estarem na mesma cama.

- Você disse que ia dormir na sua cama.

- Acabei caindo no sono aqui.

- Hm.- Yelena diz sem acreditar nele.

Antes de saírem do quarto, Nikolas ajudou a fazer o curativo no olho de Yelena. Depois eles desceram encontrando a maioria tomando café na mesa.

- General, se permite te aconselhar, eu acho que a senhorita deveria avisar que está bem e está conosco. - Annie diz depois de servir uma xícara de café.- Nosso rádio de comunicação fica na casa do soldado Kriston.

- Sei onde é. Pretendo tomar café e ir até lá, nossa preocupação agora é sair de Arenia sem levantar suspeitas.

-  A capitã e o coronel foram verificar o navio.- Atlas diz.

- A senhorita não deve ir sozinha.- Annie diz chamando a atenção de Yelena.- Um dos meninos tem que ir com a senhorita, eu terei que voltar a loja e abri-la.

- Eu vou com ela.- Nikolas diz, Atlas escondeu um riso fraco por trás da xícara que bebia.

- Tem certeza?- Zack perguntou.- Ele nem conhece o subsolo, eu posso te acompanhar.- Nikolas ia se levantar quando sentiu uma mão em sua coxa, ele olhou a mesma e viu que pertencia a Yelena.

- Não é necessário, Zack. Eu já estive no subsolo antes e sei o caminho de olhos fechados.- ela diz.

- Além do mais, você precisa me ajudar com os estoques.- Annie diz ao filho. - Atlas, meu querido, pode nos ajudar também?

- Sem problemas, senhora Annie. Eu ajudo.- Atlas diz sorrindo.

Depois do café, Yelena e Nikolas trocaram de roupa, colocando botas, calças escuras e blusas claras, Yelena colocou uma capa sobre os ombros e Nikolas seu sobretudo marrom escuro.

Eles não saíram desarmados, pistolas em suas cinturas eram escondidas pelos agasalhos. Yelena decidiu ir sem o curativo no olho, o olho não estava mais vermelho, apenas a cicatriz e um pouco da pele envolta, os pontos continuavam fechados.

Annie e Nikolas brigaram com a mulher que não deu ouvidos, apenas saiu pela porta da frente.

- Vá logo e não perca ela de vista.- Annie diz e Nikolas saiu da casa correndo até alcançá-la, então diminuiu o passo e começou a andar lado a lado.

- E se algo entrar na ferida?- ele insistiu.

- A ferida está fechada com os pontos e o máximo que deve acontecer é entrar poeira, isso não causará nada grave.

- Mulher teimosa.

- Estamos no subsolo, tenho que ter os dois olhos atentos.- colocou o capuz.

- Você já esteve aqui?

- Eu cresci aqui, antes de ser levada como escrava.- Nikolas olhou para ela mas o capuz impedia de ver seu rosto.- Eu não lembro da minha vida aqui, mas já vim três vezes aqui com o exército por meio de missões.

As casas e prédios eram feitos de pedra igual as ruas, a luz amarela forte era a única fonte que simulava o sol.

- Aqui é o lar de assassinos, ladrões, prostitutas e pessoas pobres que Arenia finge não ver. Moldova também há pobreza, mas pelo menos a imperatriz fez o mínimo ao dar uma casa e comida as famílias...Por aqui.- diz virando para entrar em outra rua, não tinha carruagens, nem outro tipo de veículo.

Nikolas viu os bares ainda abertos, bêbados causavam brigas, outros dormiam nas calçadas e alguns conversavam com mulheres em tecidos que quase não cobriam o corpo.

O Chamado de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora