Nikolas observava o porto se aproximando, algumas luzes iluminando o mesmo. O casaco longo parecia pesado no corpo de Nikolas, ele não usava uniforme, substituiu por um par de botas, calças e uma camisa escura.
Um frio passou pela barriga do homem quando o navio parou próximo a um deque de madeira.
- Vamos, antes que soldados nos vejam.- a capitã diz descendo do navio, Nikolas ajeitou a alça da sua bolsa que estava no ombro. O grupo de cinco pessoas desceram para o deque e se afastavam no navio.
- Não terá problema de deixar o navio sozinho?- Atlas perguntou.
- Não está sozinho, alguns dos homens de Reynolds cuidará do mesmo.- Tiana disse, Nikolas ficou surpreso, talvez seja a primeira vez que escutava a voz da mulher na viagem.
- E se descobrirem?
- É um navio de pequena carga, eles vão saber se virar.- O coronel olhou Atlas.- Não fique com medo, Dunkin. Você não ficará preso nesse inferno, nenhum de nós irá.
- Sentiu alguma coisa?- A capitã perguntou Nikolas.
- Não sinto nada a dois dias.- e isso estava o preocupando, mais do que deveria.
- Tudo bem, não podemos entrar em pânico agora.
Eles andaram pela cidadezinha, era parecida com as de Moldova, mas as casas eram feitas com tijolos e os telhados eram de uma cor alaranjada. As ruas estavam pouco movimentadas por causa do horário, o grupo andava atento e tentando despistar o olhar dos guardas.
Em pouco minutos caminhando, eles chegaram no centro da cidade. O grupo se aproximou de um espaço coberto que ficava entre duas casas com o símbolo militar de Arenia, uma coroa de louros e duas espadas cruzadas, o espaço era protegido por quatro militares, Nikolas engoliu a seco.
A capitã se aproximou de um dos soldados e deu ao homem um envelope, o soldado abriu vendo o que tinha dentro e assentiu. Ele liberou a passagem.
- Se prepare porque são muitos degraus para descer.- Callman sussurrou para Nikolas.
Eles entraram no espaço dando de cara com degraus, o grupo começou a descer a escada feita de pedra, nas paredes tinham tochas acessas. Uma luz amarelada começou a surgir no final, Nikolas piscou algumas vezes para ajeitar a visão e depois olhou para o lado. O homem arregalou os olhos, a parede sumiu e foi revelado visão da cidade subsolo.
Era maior do que Nikolas pensava, cercada por paredes de terra, uma luz amarelada iluminava o local. As casas tinham diversos tamanhos e as ruas eram feitas de pedra, Nikolas sentiu a diferença no ar, devido à falta de correntes de vento.
Eles desceram os últimos degraus e colocaram os pés na rua.
- Você já esteve aqui?- Nikolas perguntou Reynolds que andava na sua frente, Tiana sempre o olhava quando ele se aproximava da capitã, atenta para caso ele fizer algo com sua protegida.
- Já, eu tive que me esconder aqui. Então conheço um pouco da cidade.- virou o rosto.- Por aqui, andem rápido e cuidado com as bolsas.
Eles andaram em passos rápidos até uma lojinha de chás, Reynolds abriu a porta e todos entraram, a mulher trocou a plaquinha na porta de "aberto" para "fechado". Callman tocou um sininho que estava no balcão e uma senhora surgiu de uma porta que dava para a parte de trás da loja.
Os cabelos escuros com alguns fios brancos estavam presos embaixo de um lenço vermelho, a pele branca com algumas rugas no rosto e os olhos verdes.
- Boa noite, Annie.
- Capitã Reynolds e coronel Callman.- abaixou a cabeça como respeito.- Eu não esperava que já tivessem chegado.
- Não faz muito tempo que chegamos. Podemos ir para o abrigo? Temos que discutir sobre a situação e saber a exata localização da general Montagov para...
- Vocês não sabem?- a capitã parou de falar e todos olharam para a senhora. O coração de Nikolas acelerou já esperando a notícia ruim.- A general já está conosco.
- Como é que é?- Atlas perguntou surpreso, todos ficaram em choque. Alívio tomou conta do peito de Nikolas e ele soltou o ar pela boca se apoiando no balcão.
- Ela está bem?- ele perguntou olhando a senhora.
- Como isso aconteceu?- a capitã perguntou.
- O soldado Zack Braus a trouxe, ela chegou machucada, faminta e exausta. Ela acabou desmaiando e cuidamos dela.- Nikolas ainda tentava processar o que estava acontecendo.
- Onde ela está?- Callman perguntou.
⚔️
O grupo andou até a casa da senhora, a cada passo o coração de Nikolas batia mais rápido, ansioso, eufórico e com medo do estado que iria encontra sua general.
A senhora abriu a porta da casa que tinha dois andares e entrou na mesma, um homem surgiu descendo as escadas e olhou para o grupo que entrava na casa. Ele abaixou a cabeça em respeito aos dois oficiais, ele tinha os cabelos escuros, a pele clara e olhos verdes, havia um pouco de semelhança com a senhora.
- Eles vieram ver a general, Zack.
- Ela está na sala, acabou de tomar o chá que a senhora pediu para dá-la. Também já trocou os curativos sem ajuda.- Nikolas trancou o maxilar, só com o pensamento de outro homem tocando Yelena.
- Ela é teimosa.- a senhora virou para o grupo.- Desculpe, eu não deveria ter falado isso.
- Tudo bem, todos concordamos que Montagov é teimosa.- Reynolds disse.
Os dois guiaram o grupo até a sala, era um cômodo onde havia dois sofás, tapete no chão e era adjacente a mesa de refeições.
Os olhos de Nikolas acharam Yelena, a mulher estava sentada no sofá de costas para eles, os cabelos soltos. Ela escutou os passos e olhou para trás, a mulher se levantou olhando com surpresa para o grupo.
O coração de Nikolas apertou quando ela o olhou, Yelena usava roupas confortáveis mas Nikolas viu a faixa de curativo em seu bíceps esquerdo e outra que cobria seu olho direito.
O importante era que ela estava ali, viva.
- Vocês realmente vieram me salvar?
- Era o plano, Montagov.- a capitã diz.
- Eu consigo salvar a mim mesma, não sou nenhuma donzela em perigo...Mas obrigada, obrigada.- sua voz falhou no final, como se ela fosse começar a chorar, Yelena se segurava para não chorar na frente deles.
Ela abraçou cada um, deixando Nikolas por último. Todos já se acomodavam nos sofás da sala, Atlas ainda estava chocado com tudo isso.
Finalmente Yelena ficou na frente de Nikolas.
- Não vai me abraçar, Roman? Não sentiu minha falta?- Nikolas se aproximou e a abraçou, um braço envolveu a cintura da mesma e o outro ele colocou na nuca da mesma, não fazia força porque não sabia quais outros lugares ela estava machucada.
Yelena fechou os olhos, enquanto enrolava os braços no pescoço de Nikolas, alívio invadiu seu peito por saber que ele estava vivo e que ele não tinha morrido na praia.
Ela separou o abraço, Nikolas levantou a mão e colocou na bochecha direita da mulher, o olhar no curativo. Yelena pegou sua mão e abaixou a mesma.
- Eu estou bem, ainda consigo enxergar mas Annie insistiu que eu colocasse o curativo no olho para não ter nenhum infecção, só por alguns dias.- ela discretamente apertou a mão do homem.- Eu estou bem, Roman.
- Bom, quem quer jantar?- Annie perguntou animada.
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O Chamado de Guerra
FantasyUma guerra entre dois reinos poderosos, Moldova e Arenia, separados por um mar. Nikolas Roman teve que deixar sua família para se alistar ao exército por ordem da imperatriz Ilizabeta. A chegada do Campo de treinamento, amizades são feitas e a vida...