Trinta e Dois

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- Um, dois...três!- os homens puxaram a corda fazendo a vela abrir por completo.

- Muito bem rapazes!- Reynolds gritou do leme, os homens voltaram ao trabalho.- Vocês dois já podem trabalhar na marinha.

- Eu passo.- Nikolas disse levando sua mão até a testa, o calor estava insuportável. Atlas foi arrastando os pés para o convés de baixo buscar água.

Nikolas andou na direção da popa do navio, a área traseira da embarcação, ele encontrou Yelena que olhava para frente, o horizonte era uma linha entre céu e mar. Raramente a viu de cabelos soltos, mas agora os fios escuros balançavam por causa do vento.

O homem se aproximou e segurou a cintura da general em um abraço, a mulher deu uma cotovelada o fazendo afastar.

- O que foi?- Nikolas colocou a mão na barriga.

- Alguém pode ver.- ela diz o olhando, Nikolas sentiu uma pontada no peito, ficou um pouco decepcionado.

Ela o olhou por mais alguns segundos e revirou os olhos, pegou o pulso do homem e virou de costas novamente olhando o mar. Yelena pegou as mãos de Nikolas e colocou na cintura dela, Nikolas riu da bipolaridade dela e abraçou sua cintura.

Yelena puxou os cabelos para o lado esquerdo e Nikolas colocou o queixo no seu ombro direito, os dois olharam para frente, o céu sem nuvens.

- As vezes eu não te entendo, general.

- Nem eu me entendo...Se alguém nos ver, rumores irão se espalhar pelo campo, Hellsink irá me zoar, Wilson...

- Você me lembrou de uma coisa. Eu coloquei uma espada no pescoço do Hellsink.- Yelena tirou as mãos de Nikolas da cintura dela e virou olhando o homem.

- O que?

- Ele estava falando merda, eu estava descontrolado porque você tinha acabado de ser levada e eu o ameacei na frente de Ivanov, dos coronéis e capitãs. Pode perguntar a Callman ou Reynolds.

- O que ele fez?

- Manteve a expressão séria, mas sei que ficou com muita raiva.- para a supresa de Nikolas, Yelena se aproximou de seu rosto e ela selou seus lábios. A mulher separou o selar mas ainda deixou o rosto próximos de Nikolas, os braços cruzaram no pescoço do homem.

- Você fez algo que eu queria fazer a anos.

- Talvez eu faça mais vezes só para ter essa sua reação.- Yelena sorriu e Nikolas a beijou.

Céus, o que essa mulher fez comigo?

Eles separaram o beijo e sorriram, Nikolas deu um, dois, três selinhos nos lábios da mulher.

- Eu quero saber mais sobre você.- ele diz, ela o encarou pensando e riu fraco.- O que foi?

- Eu...Eu já derramei vinho em um duque.

- Como assim?

- Era um dos bailes da imperatriz, tinha esse duque que estava me enchendo a paciência quase a noite toda, então eu fingi que tropecei no meu vestido e joguei vinho nele.

- Já percebi que você tem paciência limitada.

- E que bom que sabe.

- Eu já roubei de uma loja.

- Nikolas Roman, você é um ladrão?- Nikolas riu.

- Calma, deixe me explicar. Era próximo do aniversário da minha irmã e ela queria muito uma pelúcia de coelho mas era muito cara, literalmente cinco moedas de ouro. O vendedor era maluco por cobrar isso em um vilarejo no interior, então eu tive a chance quando ele estava distraído e nem percebeu. Levei um puxão de orelha da minha mãe mas pelo menos eu vi minha irmã sorrir de orelha a orelha quando eu entreguei a pelúcia, até hoje dorme com ela.

- Você sente falta delas, não é?- Nikolas assentiu, assim que chegasse em Moldova iria enviar uma carta.- E sobre o roubo, soldado Roman, eu poderia te prender por isso.

- Duvido que faria tal coisa.

- Dúvida?

- Você iria sentir minha falta.- A mulher revirou os olhos e ele a beijou.

- Vocês dois aí, parem com o romance todo se não eu irei vomitar.- Reynolds gritou e os dois riram.

Yelena se afastou de Nikolas indo em direção a capitã.

- Nem irei falar sobre o que eu vi ontem.- a genera diz.

- Nem ouse...- Reynolds ameaçou, ela olhou Nikolas e viu o olhar do homem.- Quero dizer, por favor não fale em voz alta.

- Estou apenas brincando com você, Rey.- ela se virou para Nikolas.- E você, já falei para parar com esses olhares, todo aquele treino foi para nada?

- As vezes não consigo controlar.- Yelena balançou a cabeça mas Nikolas viu um leve sorriso de lado em seus lábios. As duas se afastaram deixando Nikolas sozinho.

⚔️

- Bom, falta dois dias para chegarmos em Moldova.- Reynolds diz se sentando na rodinha onde Callman, Atlas, Nikolas e Yelena estavam, eles estavam bebendo enquanto as estrelas brilhavam no céu escuro.- Dois dias de paz antes da dor de cabeça.

- O ferimento está bem melhor.- Callman diz a Yelena.

- Tirei os pontos hoje, não doi mais. A pomada de Annie é milagrosa.- a ferida já estava fechada, mas era nítido a linha vermelha.

- Eu estou doida para deitar na minha cama.- Reynolds diz.

- Vocês dois, não pensem que o treino acabou.- Callman diz a Nikolas e Atlas.

- Eu não, Atlas que se cuide.- Nikolas disse.

- Claro, você me abandonou.

- O senhor Roman ainda precisa treinar muito...principalmente depois que eu chutei a bunda dele hoje.- Yelena diz levando a garrafa de bebida em direção a boca, todos riram.

- Em minha defesa, você me distraiu. Pensei que tinha acertado o seu ferimento da coxa

- Ele nem dói mais.

- Vocês acham que falta muito para essa guerra acabar?- Atlas perguntou aos oficiais.

- Ela irá acabar com um dos lados vencendo, nossos governantes não querem fazer um acordo de paz.- Yelena diz.- Temos que matar Kirigan, assim os Aris não terão um mestre e nem os exércitos de Arenia terão um líder.

- Como os Aris foram criados?- Nikolas perguntou.

- Há muitas especulações, eu acredito que foram experimentos que deram errado. - Callman diz.

- Alguns religiosos acreditam que eles são demônios.- Reynolds diz.

- Eu sempre me perguntei porque os sons dos gritos deles me lembram sons de gritos humanos.- Yelena diz, Nikolas a olhou mas ela olhava para seu copo.

- Não está sugerindo...- Atlas diz olhando em choque.

- Será?- Callman diz.

- Não sei e não vamos fazer acusações sem provas. Não digam a ninguém o que eu disse.- Yelena disse e virou sua bebida de uma vez.

O Chamado de GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora