Karol

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Quando vi já estava abraçando ele.
Foi mais forte do que eu, sei o que é se sentir culpado por algo que não fez, não tinha amigos na escola justamente por isso, eles adoravam zoar a novata, a garota pequena e gordinha, aquela quatro olhos sabe, e quando descobriram que minha mãe morreu no meu parto foi o meu fim.
Não só precisei mudar de escola como passei a minha adolescência fazendo terapia, porque aqueles garotos que se diziam meus amigos colocaram essa ideia na minha cabeça.
Só que a Karolzinha tudo inha, cresceu deu a volta por cima e não deixo mais ninguém me dizer que sou inha, sei o meu valor.
Por isso quando vi seu semblante ao ouvir que sonhou com a mãe, contei minha história, eu sabia que ele não abriria o bico de bom grado e mesmo não falando tenho certeza que sou a única a saber dos seus pesadelos.
Porque?
Porque sou uma estranha que deu a ele confiança para se abrir, e que passou por uma situação parecida.
Nem lembro quando adormecemos, só que acordei na sua cama, com seu cheiro colado ao meu corpo.
Eita macho cheiroso.
Perdi a hora, então liguei para o meu pai avisando que não poderia passar pois tinha muito trabalho e acabei me atrasando.
Nem preciso dizer que ele falou horrores e só cansou porque falei que iria ajudar.
Cinquenta revirada de olho pra ele.

Quando o final do dia chega, o ensaio ainda não terminou, mais damos por encerrado o dia, aproveito para passar no supermercado, desde que mudei não cozinho é só sanduíche e salada, quem vive disso, coloco os fones para escutar uma musiquinha e vou fazer as compras.
- Vou fazer uma parmegiana minha barriga chega a roncar, .
Pego as sacolas e pago o táxi entrando no prédio.
Apoio algumas sacolas no chão e abro a bolsa tirando a chave.

Sinto o fone ser arrancado dos meus ouvidos.
- Aí meu pai do céu. Grito no susto e por pouco não deixo a sacola caír.
- Ok calminha deixa eu te ajudar.

- Vizinho brincadeira de assustar agora? Ele rir pegando as sacolas do chão e a que estava no meu braço.
- Eu te chamei mais você... Ele aponta para o fone. E tiro do ouvido colocando na bolsa.
- Evento especial, pegou comida para um batalhão?
- Se dizer batalhão você se refere a essa garota? Sim.
Aponto para o balcão e ele põe as sacolas ali.
- Desde que mudei meus armários e geladeira estão gritando, não tenho nada aí, estou sempre fora.
- Então porque comprou?
- Porque preciso comer algo que não seja salada e sanduíche. Tiro os sapatos e faço um coque no cabelo, entrando na cozinha e lavando as mãos.
- E o que essa garota sabe fazer?
- Oh eu sou boa em muitas coisas.
- Engraçadinha.
- Bem sinta-se a vontade para experimentar.
Ele me ajuda a tirar as coisas das sacolas e vou guardando.
E separando o que preciso para o jantar.
- Isso é um convite para jantar, porque estou com fome, e estava para pedir delivery.
- Não, você não vai, a menina delivery aqui vai cozinhar.
- Essa eu quero ver.
Abro o armário e tiro duas taças e ele aceita, pego uma garrafa de Merlot e um saca rolha e entrego a ele. E concentro no molho e na beringela.
Quarenta minutos depois estamos sentados comendo a minha parmigiana.
- Isso está divino Karol, onde aprendeu a cozinhar assim?
- Minha avó é cozinheira, tem um restaurante em Los Angeles.
- Nunca imaginei.
- O que posso fazer sou uma garota prendada, linda e gostosa.
- Quer dizer pronta para casar.
- Casar? Bato na mesa.
- Isola neném fala isso nem de brincadeira. Ruggero rir.
- Não pensa em ter um relacionamento vizinha?
- Estou bem assim. Ele me encara.
- Você por acaso já teve um? Bebo um pouco do vinho.
- Não era o que eu imaginava. Ele arqueia uma sobrancelha.
- Você é chato.
- Como foi que você disse ontem, vou ter que fazer uma dancinha para te seduzir e você me contar tudo que está aí dentro.
- Ah você não tem ideia de como adoraria uma dancinha.
- O máximo que posso fazer dançando é te causar dor de barriga.
- Como assim?
- De tanto rir, sou péssimo, nem no dois pra lá e dois pra cá eu me arranjo sempre piso no pé.
- Não acredito Ruggero, você não pode ser tão ruim assim.
- Nem queira ver.
- Na verdade eu quero muito ver. Salto da cadeira e pego o controle do meu som e Let Her Go do Alex G, soou.
- Vem aqui.
- Não, eu vou pisar no seu pé.
- Vem logo... Ele levanta terminando de beber o vinho e para na minha frente.
- Ok, vamos lá, uma mão aqui e a outra aqui. Pego suas mãos levando para minha cintura e envolvo as minhas em seu pescoço, e movo os pés um passo para cada lado e no terceiro ele pisa no meu pé, começo a rir.
- Eu falei que era horrível.
- Continue. E ficamos assim até ele se sentir seguro, antes da música terminar já estamos dois pra lá e dois pra cá e ele ainda me fez dá uma voltinha.
No final rimos os dois acabei encostando a cabeça em seu peito e ele me apertou em seus braços.

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