Capítulo XXX

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A V I S O
Esse capítulo discute saúde mental, com menções de trauma, abuso emocional na infância e culpa do sobrevivente (quando alguém sente culpa por sobreviver um evento traumático quando outros envolvidos morreram).

Draco andava pelos corredores de Hogwarts com uma certa irritação. A cada dez passos, ele se lembrava de Granger insinuando que ele estava apaixonado por Potter, e seu rosto esquentava; a cada quinze passos, ele se lembrava de sua reação frente à zombaria da garota, e ele rangia os dentes; a cada vinte passos, ele se lembrava de como se abrira para Potter e ele havia o deixado plantado, sem dizer nada, e seu rosto esquentava ainda mais, dessa vez por raiva.

Qualquer um que o observasse pensaria que ele havia sofrido algum tipo de maldição que deixa o rosto das pessoas exageradamente vermelhos. Os estudantes que o assistiam marchar pelos corredores se perguntavam se ele havia sido possuído, ou algo do tipo. Draco, no entanto, não notava os olhares. Ele estava irritado demais para perceber que estava sendo observado atentamente por praticamente todas as pessoas no caminho.

Ele andou dessa maneira até a sala do Dr. Lionhart, sentando-se no banco do lado de fora. Ele cruzou os braços e encarou o chão como se quisesse destruí-lo com seu olhar e cenho franzido.

Ele balançava sua perna direita, a sola de seu pé batendo no chão repetidas vezes. Sua impaciência e irritação eram quase visíveis, como uma aura negra ao seu redor.

Essa aura era intensa o suficiente para que o médico do St. Mungus sentisse da sala ao lado. Dr. Lionhart sentiu um calafrio e se levantou, abrindo a porta e dando de cara com o sonserino, que não percebeu sua presença.

— Sr. Malfoy. — Ele limpou a garganta. — Você chegou cedo.

— Eu não tinha mais nada para fazer. — Draco disse. — Eu espero, se estiver ocupado.

Draco não percebeu, mas Dr. Lionhart torceu o nariz enquanto imaginava o loiro sentado no banco, esperando seu horário por meia hora, sua irritação aumentando a cada segundo.

— Não, eu estou desocupado. — O velho disse. — Entre.

Draco seguiu o homem para dentro da sala, praticamente se jogando na poltrona oposta à do médico. Dr. Lionhart franziu o cenho enquanto se sentava e movia a varinha para que sua pena encantada começasse a gravar a sessão em um pergaminho.

— Sr. Malfoy, vejo que está... irritado e impaciente.

— Sim.

— Aconteceu algo?

— Sim.

Dr. Lionhart esperou que ele continuasse, mas o sonserino não parecia disposto a colaborar. Ele havia melhorado nesse quesito depois de cinco consultas, mas sempre que algo o estressava, ele se fechava novamente.

— O que te deixou tão irritado?

— Várias coisas.

Dr. Lionhart suprimiu um suspiro. Ele poderia arrancar a verdade dele, mas era um processo cansativo com um paciente comum, e lidando com alguém tão teimoso, reprimido e negligenciado como Draco Malfoy, seria uma batalha sem fim. Por isso, ele decidiu sentar-se em silêncio, observando o sonserino encarar o chão, quase como se tentasse fazer um buraco na pedra com o seu olhar.

Draco suspirou. — O Potter continua vindo? — Ele perguntou, virando-se para o lado, evitando o olhar do velho.

A pergunta surpreendeu o Dr. Lionhart. "Harry Potter" era um assunto delicado quando se tratava de Draco Malfoy. Na segunda sessão, ele havia perguntado como ele e o Eleito haviam se conhecido, e o loiro quase explodiu na poltrona.

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