Capítulo XVIII

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— Pansy. — Draco disse, chamando a atenção da garota que estava sentada, almoçando no Salão Comunal. Blaise e Goyle estavam com ela, e provavelmente já sabiam da última briga entre os dois. 

Ela nem ao menos olhou para ele, mas Draco sabia que as palavras que sairiam de sua boca fariam que ela prestasse atenção no que ele tinha a dizer. — Sobre ontem. Eu sinto muito. 

A cabeça dela se virou bruscamente, encarando Malfoy com os olhos arregalados. — Você o quê? — Ela perguntou, incrédula. 

— Eu sinto muito. Vim pedir desculpas. Você tinha razão. — Ele suspirou, sentando-se ao lado dela. 

Havia ensaiado aquilo na frente do espelho pelo menos dez vezes. Detestava ter que pedir desculpas, detestava admitir que estava errado, detestava várias coisas naquela situação. Mas era Pansy, e o Dr. Lionhart havia dito para ele, em sua última sessão, que ele precisava começar a pedir desculpas, se ele quisesse seguir em frente sem a culpa remoendo-o. 

Ele ainda não conseguia pedir desculpas para Neville, por caçoar dele durante tantos anos. Não conseguia pedir desculpas a nenhum dos Weasley - nunca conseguiria pedir desculpas para um dos gêmeos - por ser um merdinha com eles durante toda a sua vida, chamando-os de “traidores do sangue”, “pobretões”, entre outras coisas. Não conseguia pedir desculpas a Granger, a quem injustamente julgava e ridicularizara simplesmente por ser uma nascida-trouxa. 

Ainda não conseguia pedir desculpas para essas pessoas. Doía saber que nunca poderia pedir desculpas para algumas delas. Dumbledore. Dobby. 

E por essa razão, por ser incapaz de pedir desculpas para algumas pessoas, ele se via incapaz de pedir desculpas para Harry Potter, a quem antagonizara durante tantos anos. 

— Eu estou pedindo desculpas. De verdade. — Ele disse, mais uma vez. 

Era mais fácil pedir desculpas por coisas pequenas. Por brigas recentes com seus amigos. Era mais fácil porque ele sabia que suas desculpas seriam aceitas, era mais fácil porque era algo ridículo. Quando as coisas se tornavam sérias, porém, ficava mais difícil se desculpar. 

Dr. Lionhart falara com ele que o que ele mais queria das pessoas era o perdão. E a possibilidade de não conseguir esse perdão, não conseguir se redimir, aquilo o assustava. Por que no fundo, se ninguém mais o perdoasse, ele não seria capaz de se perdoar. 

Pansy o abraçou. — Eu te perdoo. — Ela disse. — Não foi nada tão sério assim, você sabe. 

Ele sabia, mas aquelas palavras ainda foram o suficiente para esquentar seu coração. 

— Draco! — Ele ouviu uma voz irritantemente familiar. — Eu estava procurando você.

Ele ergueu uma sobrancelha para o menino-que-sobreviveu. Por que o Eleito o procurava?

— Eu ganhei o prêmio das aulas de poções em que você faltou. São seis gotas de Veritaserum. — Ele disse, tirando um pequeno frasco de seu bolso. — Eu achei que você deveria ficar com a metade, já que se não fosse por você, eu não teria conseguido completar a poção.

Draco pegou o prêmio que lhe era estendido. Não sabia o que se passava na cabeça de Potter, sinceramente. Draco não pensaria duas vezes em ficar com o prêmio todo para si.

— Por que você invadiu a minha casa, e porque você mandou uma mensagem para a minha mãe? Aliás, o que você escreveu para a minha mãe?

O rosto de Potter corou levemente. — Eu não sei do que você está falando…

Harry segurou a gola da camisa de Potter e o empurrou para uma parede. As costas do moreno se chocaram contra a pedra fria. — Não minta para mim, Potter. — Malfoy sibilou. — Eu sei que você tem dedo nessa história, você sempre tem um dedo em tudo. 

Cicatrizes e FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora