Capítulo XXXVI

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Assim que Harry chegou na sala de aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, os primeiranistas calaram-se. ― Bom dia. ― Ele os cumprimentou. ― Hoje só eu vou lecionar, o professor Malfoy ainda está na ala hospitalar.

― O que aconteceu com ele? ― Um dos grifinórios perguntou.

Harry suspirou. Ele não queria contar todos os detalhes sobre o que havia acontecido, então optou por focar nos pontos importantes: ― Ele foi afetado por exaustão mágica. Pode acontecer em áreas instáveis formadas após explosões mágicas, que sugam magia de qualquer bruxo, bruxa, ou criatura mágica dentro dele.

― E como esses campos são formados? ― Uma garota da sonserina perguntou.

― ... Eu não faço a menor ideia. Não é minha área. ― Harry deu de ombros, nem um pouco constrangido. ― Algo sobre magia instável e campos magnéticos e sei lá o quê. Se quiserem saber mais sobre o assunto, existem livros na biblioteca e vocês poderiam perguntar para alguém mais experiente com feitiços, como o professor Flitwick. De qualquer maneira, hoje vamos aprender sobre fantasmas, poltergeists e gytrash.

Enquanto Harry lecionava, ele notou que os alunos estavam um tanto quanto dispersos. ― Qual o motivo de tanta conversa? ― Ele perguntou, interrompendo sua explicação sobre etiqueta ao conversar com um fantasma.

― Está quase na época do Baile de Yule! ― Uma das garotas grifinórias disse. ― Vai ser o primeiro desde a reconstrução de Hogwarts, e a diretora McGonagall disse que vai ser ainda maior do que o baile do torneio tribruxo!

Harry ergueu as sobrancelhas. Ele não se lembrava de ter ouvido aquela notícia de McGonagall, o que significava que ela provavelmente havia dado o recado nos últimos dias, em que ele estava ocupado demais.

Como Pansy diria, ele estava ocupado demais "se debulhando em lágrimas como uma viúva que perdeu o marido na guerra", ou algo do tipo. Na realidade, ele estava ocupado demais observando o rosto pálido de Draco naquela maca da ala médica, se perguntando por que raios o sonserino havia arriscado sua própria vida pela dele e a de seus amigos. Perguntando-se o que diria, o que faria quando o loiro acordasse...

E nenhum dos longos minutos havia o preparado para o momento em que viu Draco consciente. Ele havia tropeçado em suas próprias palavras como se sua língua tivesse dois pés esquerdos, e pior, ele teve a "epifania" que esteve tentando evitar todo esse tempo: seus sentimentos nem um pouco inocentes pelo loiro.

Ele sentiu seu rosto esquentando ao pensar sobre o breve momento de pânico que teve ao se deparar com aqueles pensamentos inoportunos sobre Draco, certo de que ele pareceu ridículo ao despejar desculpas para ir embora da ala médica e não ter que encarar o loiro por mais um segundo.

No último baile de Yule, Draco havia ido com Pansy... E Harry se perguntava se seria contra a tradição se dois homens fossem ao baile juntos, como um par, e logo afastou esse pensamento, atônito que realmente estava considerando a possibilidade de convidar Draco para o baile.

― Com quem você vai, professor? ― Uma das garotas da Grifinória perguntou.

Harry estaria mentindo se dissesse que não pensou em um certo loiro de pele pálida e olhos cinzentos, mas ele rapidamente jogou a ideia pela janela metafórica de sua mente, se recusando a sequer considerar uma ideia besta como convidar um cara hétero para ser seu par em um baile de inverno.

― Ainda não sei. Francamente, eu tenho preocupações maiores. ― Ele desconversou. ― Agora, vamos deixar para conversar sobre o baile depois da aula, sim?

Dito isso, ele voltou a falar sobre fantasmas e poltergeists, tentando ignorar o quanto a ideia de convidar Draco ao baile ocupava sua mente. Ele repetia para si mesmo, de novo e de novo, que um cara hétero como Draco Malfoy nunca iria aceitar um convite daqueles, e por isso tentou afastar tais pensamentos.

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