Capítulo XVII

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Potter aparecera no dia seguinte, e parecia completamente acabado. 

Haviam olheiras sob seus olhos, que pareciam inchados. Estivera chorando, muito provavelmente, mas Draco não se importava. Por pura bondade de seu coração, porém, ele deixaria o garoto quieto, pelo menos aquele dia. 

Eles iriam recriar a primeira aula de seu terceiro ano. Sim, os dois ensinariam aos terceiranistas como lutar contra um Bicho-Papão. 

Eles conseguiram um com McGonagall, que parecia confiar plenamente nas capacidades de ambos caso algo fugisse do controle. Draco confiava nas suas habilidades, mas nas de Potter? Pff, não. 

Ele imaginava qual seria o seu Bicho-Papão. Nunca parara para pensar no assunto, e só esperava que não fosse necessário mostrar aos terceiranistas qual seria o seu maior medo. Também não queria descobrir. 

Ele encarava a classe de braços cruzados enquanto Potter fazia a apresentação da aula. Ele perguntou se haviam voluntários, e quando nenhuma mão se levantou, Draco repetiu o que havia feito na aula anterior, com os primeiranistas. — Vamos escolher alguém, então. — Disse ele, sorrindo de canto. Os terceiranistas ficaram visivelmente tensos com aquelas palavras, e Harry simplesmente revirou os olhos. 

— Não vamos escolher ninguém. — Disse ele. — Eu vou demonstrar. 

E Harry se posicionou na frente do armário. Draco o abriu, e logo os terceiranistas foram agraciados com a sua primeira visão de um dementador. Ele voou lentamente de dentro do armário para a frente de Harry, e  o moreno não deixou-se intimidar. 

— Riddikulus! — Ele exclamou, e era como se um feitiço sugador explodisse da ponta da sua varinha, puxando o dementador como se um aspirador gigante tivesse prendido a sua capa. Os alunos riram, enquanto Draco revirou os olhos. Ele esperava coisa melhor. 

— A maneira de se derrotar o Bicho-Papão é visualizando seu medo em uma situação engraçada, ridícula. — Disse Draco, chamando a atenção das crianças. — Formem uma fila e vamos começar. 

Harry repetiu o movimento da varinha e o feitiço, e então, os terceiranistas começaram; não fora muito diferente de quando eles tiveram aquela aula. Cobras, palhaços, aranhas gigantes. Alguns eram mais sérios, porém, como morte, isolamento, e coisas assim. Era difícil transformar aqueles medos em situações engraçadas, ridículas, mas as crianças conseguiam. A maioria imaginava o cadáver se levantando para dançar ou a pessoa simplesmente acordando e fazendo alguma coisa ridícula. 

Então, uma menina baixinha, de pele negra, cabelos densos e escuros, assim como os seus olhos, deu um passo à frente. Ela usava uma gravata da Sonserina, e parecia extremamente tensa. 

O Bicho-Papão tomou forma, e Draco não esperava ver aquela figura novamente. 

Um homem alto, de vestes negras estava parado em frente a sala. Tinha um sorriso sádico e os olhos vermelhos assassinos, olhando para todos com uma clara sede por sangue. Sua pele era pálida, branca como papel, e a ausência de um nariz tornava a sua aparência ainda mais ameaçadora. 

A garota se encolheu. Erguendo a varinha, ela disse: — Riddikulus… — Mas nem mesmo ela se convenceu de que seria capaz de eliminar aquela visão desagradável à sua frente. 

Draco deu um passo à frente, antes mesmo de Potter, e não demorou para que o Bicho-Papão se adaptasse ao medo dele. 

Como Draco queria não ter tentado proteger aquela garota. 

De repente, ele estava lá, junto de Dumbledore. O rosto enrugado e os cabelos brancos do homem eram exatamente como Draco se lembrava daquela fatídica noite. Seu eu do Bicho-Papão ergueu a varinha, e ele soube o que viria a seguir. 

Cicatrizes e FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora