Capítulo XIX

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"Meu querido Draco,

Eu sei que as flores não te alegraram; nunca esperei o contrário. Saiba, porém, que eu não me importo sobre a sua opinião em respeito ao que eu faço ou a Harry Potter. Eu sou sua mãe, e você, no momento, não está em posição de escolha.

Eu sei que você já é maior de idade tanto para o mundo bruxo quanto para as leis da Inglaterra trouxa. Eu sei que você não tem mais que me obedecer. É por isso que não faço nada disso como se estivesse ordenando-o a algo, porque não estou, porque não ṕosso. Sei que não posso mandar-lhe mais, mas quero que saiba que faço tudo isso para o seu próprio bem.

Você não sabe o que Harry Potter me disse, mas eu sei que cada palavra é verdadeira. Ele apenas confirmou o que há muito eu suspeitava.

Você não quer fazer isso, eu entendo, mas querido, isso passou para um ponto em que será difícil o retorno. Se você continuar recusando ajuda, se continuar afastando a mim e aqueles que se importam contigo, serei obrigada a interná-lo em uma clínica, e tenho certeza de que você não quer isso. Eu também não quero.

Quer você queira ou não, Harry Potter agora é da família. Agora que ele é padrinho de Teddy, temos a obrigação de acolhê-lo. Erramos muito no passado, tanto os Black quanto os Malfoy. Agora é hora de nos redimirmos.

Estivemos no lado errado da história por muito tempo, meu filho. Faça isso não por si mesmo, mas para a família. Para seu futuro filho, ou filha. Não queremos mais sofrimento para os Malfoy, e por isso temos que começar a trabalhar desde já.

Dê uma chance a Harry. Dê uma chance para a terapia. Antes que seja tarde demais.

Por favor, pense nisso.

Com amor,

Narcisa."

Draco suspirou, jogando a carta em cima de sua escrivaninha. Que dor de cabeça...

Sua mãe estava enlouquecendo, com toda a certeza. Por que ele tinha que dar uma chance a Harry? Ele invadirá sua casa, o espionara e ainda fofocara sobre ele! Harry não estava merecendo muitas chances, honestamente.

Tinha que resolver aqueles problemas de uma vez por todas.

Foi até sua escrivaninha para escrever uma carta. Andava fazendo aquilo com muita frequência, ultimamente. Se estivesse sendo completamente sincero, ele queria parar de ter que escrever tanto. Na verdade, queria só se isolar do mundo e deitar em sua cama em posição fetal, no escuro. Para sempre.

Aquilo era sonhar muito alto, com toda a certeza.

"Potter,

Parece que a sua insubordinação, teimosia e incapacidade de aceitar que está errado está me causando problemas. Problemas que eu preciso resolver o mais rápido o possível.

Vamos nos encontrar no Cabeça de Javali e, bem, conversar sobre toda a dor de cabeça que você tem me causado.

Não precisa responder a essa carta.

Draco Malfoy."

Sim, aquilo era o suficiente. Se Potter não aparecesse, ele poderia afogar as mágoas em Whiskey de Fogo.

— Por que me chamou aqui? — Harry perguntou, sentando-se ao lado de Malfoy.

Os dois estavam em uma das mesinhas mais afastadas, daquelas típicas de restaurantes trouxas, que não possuem cadeiras, apenas bancos de canto. Harry tinha que sentar-se ao lado de Draco, que estalou a língua em desgosto.

— Você não leu a carta, Potter? Você está me dando muitas dores de cabeça. — Ele disse, baixo. Não queria que ninguém mais escutasse o que estavam falando.

— Eu só estou tentando ajudar. — Harry respondeu, no mesmo tom.

— Ajudar a quem, Potter? — Ele disse, irritado. — Você não está me ajudando, invadindo a minha casa ou mandando cartinhas para a minha mãe.

O rosto de Harry chegou a um leve tom de vermelho. Draco simplesmente revirou os olhos.

— Eu quero fazer um acordo contigo. — Disse Malfoy, quebrando o silêncio. — Mas primeiro, me mostre a carta que a minha mãe te mandou. E nem adianta dizer que não recebeu nada, porque eu sei.

Harry suspirou, tirando um pergaminho amassado do bolso. Ele jogou o papel em cima da mesa, como se não se importasse com o que Draco fosse fazer com ele. Seus olhos verdes, porém, observavam com atenção cada movimento de Malfoy.

O loiro leu a carta rapidamente. Como imaginava, sua mãe havia pedido para que Potter o vigiasse e a mantivesse informada.

— Qual é o acordo, Malfoy? — Perguntou Harry, guardando a carta.

— Eu quero que você me ajude a mentir para a minha mãe.

— Nem pensar. Nós dois achamos que você precisa de ajuda, e...

— Eu sei! Eu sei o que vocês acham, mas eu também conheço a realidade. — Disse ele. — Eu não preciso de ajuda, e eu não quero ajuda. Eu estou indo ao médico do St. Mungus toda semana, eu estou trabalhando em ser uma pessoa melhor. Porque isso.... Isso é algo que eu preciso de verdade.

Harry se calou. Era verdade. Ele sabia, com certeza.

— Mas a minha mãe ameaçou me internar. — Disse Draco, fazendo com que Harry arqueasse as sobrancelhas. — Pois é, Harry. A minha mãe quer me internar.

— Eu... Eu não sabia...

— É claro que não sabia. — Disse Draco, revirando os olhos. — Do que você sabe?

Harry suspirou, passando uma mão pelos seus cabelos extremamente bagunçados. Parecia estar lutando em um conflito interno. Suspirou.

— Qual é o acordo, então? — Perguntou.

— Você troca correspondências com a minha mãe falando sobre o meu estado, e em troca você pode ter a graça da minha companhia.

Foi a vez de Harry revirar os olhos. — Como se eu quisesse passar tempo com você. — Disse ele. — Mas eu tenho uma ideia. Eu conto para a sua mãe que você está melhorando, mas você tem que me deixar te ajudar.

Draco franziu o cenho.

— E porque você iria querer uma coisa dessas? Você realmente tem uma síndrome de herói.

— Eu... Eu tenho os meus motivos. — Disse Harry, desviando os olhos. — Mas... E então? Temos um trato?

Draco pensou um pouco. Aquilo era mais do que ele queria, mas será que valeria a pena? Bem, sua mãe pararia de ameaçá-lo com a clínica, e ele finalmente teria paz. Ok, talvez não teria a paz que tanto queria, já que Potter estaria o importunando mais do que o de costume.

Ser internado ou aguentar Potter? Escolha realmente difícil.... Um dilema....

— Feito. — Draco disse, estendendo sua mão para Harry, que a apertou.

Potter lançou um pequeno sorriso para Malfoy, que o retribuiu.

De repente, os dois se sentiam em seu primeiro ano, Harry finalmente aceitando o aperto de mão de Draco. Não parecia nada muito importante no momento, mas eles não sabiam que aquilo marcaria o início de um relacionamento muito diferente daqueles aos quais estavam acostumados. 

Cicatrizes e FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora