Capítulo XIII

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Slughorn parecia transtornado. Harry não o culpava; não com Pansy e Hermione discutindo, soltando veneno a cada palavra dita.

Harry achava que as duas sairiam no tapa, não fosse por Ron e Zabini tentando separar as duas. Enquanto isso, Harry tentava fazer sua poção sem a ajuda de Malfoy.

— Parem! — Gritou Slughorn, que quase parecia ter um ataque cardíaco. — Parem, as duas! Venham, me acompanhem até a sala da Diretora!

As suas foram levadas à força, com a ajuda de Ron e Zabini. Ron tentava acalmar Hermione enquanto Zabini permanecia calado.

Harry suspirou, pensando, contrariadamente: o que Malfoy faria? Não sobre as duas garotas brigando, mas sim sobre a receita à sua frente.

Ele não fazia a menor ideia de como proceder, visto que era péssimo em poções e não tinha mais o livro do Príncipe Mestiço para ajudá-lo.

Todos os ingredientes estavam na mesa. Hemeróbios, sanguessugas, descurainias, sanguinárias, pó de chifre de bicórnio, pele de ararambóia picada. Só faltava o DNA da pessoa em que você se transformaria.

Era proibido fazer a poção polissuco em Hogwarts, mas Slughorn conseguira convencer McGonagall, dizendo que não passaria de fins educativos. Claro que era muito simples colocar um fio de cabelo de alguém na poção, mas todos os alunos estavam focados demais no prêmio para pensar em fazer coisas erradas.

Veritaserum. Seis gotas seriam dadas para a dupla que acabasse primeiro, sendo três para cada, no final das contas.

Enquanto todos cochichavam sobre Hermione e Pansy, Harry de focava na missão à sua frente.

Se lembrou de seu segundo ano, de Hermione falando sobre a poção, lembrou-se um pouco de como pensar quando se preparava uma, tendo aprendido com Snape, no livro do Príncipe Mestiço, e com Draco, nas poucas semanas que passaram juntos.

O professor já havia feito todos os preparativos para que a poção pudesse ser reproduzida. A Descurainia, por exemplo, fora colhida na lua cheia. Tudo já estava preparado, ele só precisava misturar tudo.

Primeiro, ele acendeu uma chama, colocando o caldeirão por cima da mesma.

Primeiro, ele tinha de adicionar as Descurainias no caldeirão. Se lembrava de, no livro de Snape, estar dizendo que era sempre melhor cortar todo o tipo de planta antes de se adicionar ao caldeirão, ao invés de colocá-la inteira. Algo que parecia um tanto óbvio agora, mas que Harry nunca havia pensado antes de seu fatídico encontro com o livro do príncipe mestiço.

Ele cortou as Descurainias, adicionando-as no caldeirão logo em seguida. Cortou, então, as sanguinárias, adicionando-as também. Mexeu a poção no sentido horário três vezes, e ela, surpreendentemente, não explodiu em sua cara. Agitou sua varinha, e agora, então, teria que esperá-la fermentar por cerca de uma hora.

Estava tranquilo, pois ainda tinha tempo. Ao contrário de todos os outros que ainda cochichavam entre si, mesmo quando o Prof. Slughorn voltara.

Harry iria mostrar para Draco que conseguia se virar sem ele na aula de poções. Ganharia aquelas gotas de veritaserum e mostraria para ele, mostraria que ele também sabia fazer as coisas.

Por que ele queria tanto se provar para Malfoy, mesmo?

Talvez fosse pelo fato de que o loiro sempre o menosprezara, sempre se achara melhor do que ele, sempre se punha como o superior entre os dois. Harry talvez quisesse prová-lo de que estava errado.

Ele suspirou. Não conseguia tirar aquele maldito garoto de sua cabeça desde o dia anterior, desde que o vira em um momento tão frágil. Então, decidiu-se. O visitaria naquele dia; sairia mais cedo para que fossem só os dois. Tiraria satisfações com ele, pois não aguentava mais ter tudo aquilo na sua cabeça. Tinha até uma lista de perguntas preparadas:

Por que você me odeia?

Por que você fez o que fez?

Por que você parece mais e mais com uma pessoa comum a cada dia que se passa?

E por último, mas não menos importante:

O que você quer de mim?

Por que, com certeza, ele queria alguma coisa de Harry. Se não, ele não teria motivos para se mostrar como se mostrava para ele. Não havia porquê mostrá-lo todas as suas vulnerabilidades, se não quisesse enganar Harry, se não quisesse tirar proveito dele, de alguma maneira. Harry sabia como ele era, como Sonserinos eram; escorregadios, cheios de planos, traiçoeiros.

Agora, Harry não achava que Draco estava fingindo, ele só achava que ele estava forçando.

E ele descobriria a verdade naquele dia. 

Cicatrizes e FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora