Capítulo IV

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Harry resolvera ir conversar com um dos médicos do St. Mungus novamente. Ele precisava resolver os seus problemas, afinal, e ficar parado guardando tudo já não lhe faria bem.

Não vira Draco no corredor de espera, e parte de si se perguntou porque ele esperava encontrá-lo. Draco e Harry não eram amigos; o loiro só mostrou para Harry, não muito gentil, que a Sonserina não é como todos pensam, e que eles são humanos, também. Harry ainda tentava entender como ele poderia não haver percebido isso antes. Ele ficou tão preocupado generalizando a casa de Voldemort que acabou se esquecendo que seus colegas de escola eram crianças, também.

― Como vai, Sr. Potter? ― O médico disse, abrindo a porta. Convidou Harry para se entrar e se sentar.

― Eu vou bem, obrigado. ― Harry respondeu. Aquilo seria vergonhoso.

Harry era uma pessoa muito emocional, mas isso não quer dizer que ele gostasse de falar sobre os seus sentimentos. Ele sentia que, às vezes, era melhor guardá-los para que não fossem um fardo para ninguém. Ironicamente, fazer isso os transformava em um fardo para Harry.

Ele não estava acostumado a ser ajudado quando o assunto se trata de sua vida pessoal. Ele não teve muito apoio emocional crescendo, afinal. De acordo com o médico, John Lionhart, negligência na infância pode resultar em vários problemas na adolescência e na vida adulta. Ansiedade, depressão, isolamento, baixa auto-estima, dissociação, medo persistente, hipervigilância.

Harry conseguia se ver um pouco na descrição de John, por mais que ele não quisesse admitir para si mesmo. Ansiedade, medo persistente, hipervigilância? Mas é claro. Não só por causa dos Dursley, mas também por causa de Voldemort e todo aquele teatro em que ele teve que atuar desde que tinha onze anos.

Às vezes ele sonhava que acordava em sua antiga cama, no armário de vassouras dos Dursley. Tudo havia sido um sonho muito complexo, e ele voltava para a vida real. Para uma vida de abuso e negligência. Ele não era um bruxo. Ele era só um garoto solitário.

Harry tinha medo que isso realmente acontecesse. Ele perdera muito por causa de Voldemort, mas o resultado ainda era melhor do que o que ele tinha quando morava com seus tios. Ele não tinha nada. Agora, ele tinha amigos, um lar. Harry talvez faria algumas coisas diferentes em sua vida, mas ele lutaria contra Voldemort novamente. Ele protegeria Hogwarts novamente. Aquilo não era uma dúvida em sua cabeça.

Harry se perguntava se os outros sentiam o mesmo. Ron havia perdido um irmão, Hermione perdera sua família toda. Harry não tinha nada a perder. Não realmente. Ele não tinha família.

Aquilo não soava tão verdadeiro, agora. Ele tinha uma família, ele tinha um lar. Ele tinha os Weasley e Hermione, ele tinha Hogwarts, ele tinha Ted, seu afilhado. Ele tinha um círculo a qual pertencia. Aquilo era mais do que ele poderia ter imaginado quando era criança.

Por mais que Harry não gostasse de se abrir tanto assim, a sessão terminou sem nenhum problema.

Todos estavam na sala de estar encarando um vaso cheio de flores quando Harry chegou, os olhos arregalados, as expressões surpresas. Hermione se virou lentamente quando ouviu Harry fechar a porta, e ele franziu o cenho, tentando entender o que exatamente estava acontecendo ali.

― De quem são essas flores? ― Ele perguntou, colocando as mãos nos bolsos.

― São suas. ― Hermione disse, como se ela mesma não acreditasse nas palavras que acabavam de sair de sua boca. ― Veio com um bilhete.

Ele se aproximou da mesa, observando as pétalas coloridas. ― Quem mandou? ― Ele perguntou, casualmente. Talvez fosse algum admirador que quisesse agradecê-lo por derrotar Voldemort, ou algo assim. Não seria a coisa mais estranha que aconteceu com ele.

Todos da sala ficaram em silêncio, como se estivessem com medo de dizer o nome do remetente na presença de Harry.

Ele pegou o cartão que veio junto com as flores, um pedido de agradecimento em sua frente. Era uma mensagem rápida e simples, mas que ainda conseguiu surpreender Harry.

Agradeço por ter defendido meu filho na Corte, Harry. Aceite essas flores como um pedido de agradecimento.

Narcisa Malfoy.”

Cicatrizes e FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora