Capítulo XVI

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Draco encarava as flores que haviam chegado em sua casa de maneira intensa. 

Ele sabia o que elas queriam dizer. Sabia o significado dos jacintos roxos, das dálias vermelhas e das begônias rosas. Sabia que sua mãe estava pedindo desculpas, mas também dando-lhe um aviso. Isso não poderia significar nada bom para o garoto loiro de olhos cinzentos. 

Aquilo tinha que ter algo a ver com Potter. 

Draco não era estúpido. Sabia que alguém estivera em sua casa no dia dos flashbacks, sabia porque se lembrava de ter visto um vulto agachado à sua frente no meio de uma lembrança e outra, mesmo que estivesse em seu estado catatônico. Sabia que alguém tinha desligado o forno. Sabia que essa pessoa não era nenhum de seus amigos porque, ao interrogá-los, os mesmos negaram que haviam sido eles, e Draco sabia que eles não mentiriam sobre algo tão estúpido. 

A única pessoa louca o suficiente para invadir a casa de Malfoy, com ele lá dentro, ainda por cima, era Harry Potter, testa-rachada, o menino-que-não-tinha-noção, o Eleito ao prêmio de maior pé no saco da história de Hogwarts. 

Só não imaginava que Harry fosse tão à toa a ponto de fofocar com Narcisa Malfoy sobre ele. Esse sim era um novo fundo do poço para o moreno. Não tinha mais a fazer do que se intrometer na vida dos outros?

Ele suspirou, colocando o buquê em um vaso em cima da mesa. 

— Sua mãe as mandou? — Pansy perguntou, sentando-se no sofá, encarando as flores coloridas. Draco sentou-se ao lado dela, assentindo, desgostoso. — O que foi? Por que essa cara?

— Minha mãe não manda flores sem um motivo, e eu não gostei do motivo dessas. — Ele disse. — Ela vai me forçar a fazer alguma coisa, eu sei disso. Algo que ela julga ser para o meu bem. E eu não quero nem ouvir o que ela tem a dizer. 

— Não acha que está sendo duro demais? Ela é sua mãe, Draco. 

— Me diga isso quando você aceitar sua mãe se intrometendo na sua vida. 

— Eu não posso mais aceitar, já que ela está em Azkaban. — Pansy disse, sua voz fria. — Nem todos nós temos um Potter para salvar nossas famílias, Malfoy.

Draco franziu o cenho. — E você acha que eu pedi para que ele fizesse isso?

— Eu não ligo se você pediu ou não. Tenha mais senso quando for falar com as pessoas , só isso. — Ela disse, se levantando. — E vê se você se livra logo daquele tapado do Potter, porque eu, Blaise e Goyle não vamos ficar o afastando de você toda vez que ele fizer merda. Se resolva. 

— Eu não pedi para vocês fazerem nada. — Disse Draco, bufando. — Sem contar que o trabalho de vocês foi muito porco, já que ele veio aqui há uns dois dias.

Pansy se virou, incrédula. — Ele fez o quê? — Ela perguntou, indignada. 

Draco suspirou, jogando seu corpo no sofá, seu braço esquerdo cobrindo seus olhos cinzentos, sua mente se forçando a lembrar-se do que exatamente acontecera naquele dia, mas era uma vã tentativa. Apenas recordava-se das memórias que preferia esquecer. 

— Draco, Potter invadiu nossa casa? — Pansy perguntou. Draco assentiu. — Como ele ousa? Que…. audácia é essa, logo depois que eu e os meninos o ameaçamos! Ele vem até aqui, como se fosse dono do lugar e…

Pansy começou a reclamar de Harry Potter, o que fazia com que Draco se lembrasse de como ele era, há alguns anos. Ele sorriu, melancólico. Sentia falta da época em que todos os seus problemas eram a popularidade de Potter e o fato de que o mesmo recusara sua amizade. Sentia falta daquele mundo, que parecia tão distante, tão mais simples, tão melhor. 

Cicatrizes e FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora