Coreano carioca

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O bar para onde aqueles skatistas haviam nos carregado era o primeiro da orla. Era rústico, muito bonito. O dono ou dona tinha bom gosto pra decoração.
Não perdi tempo, óbvio, já cheguei pedindo uma bebida.

- Pode por na conta do... - Olhei para o lado, encontrando quem queria, com os braços apoiados na bancada. - Qual é o seu nome?

- Jisung.

Que nome esquisito era aquele? A mãe dele vomitou no parto e resolveu transformar o barulho do vômito em nome?

O barman criou a comanda, com um sorriso no rosto, sem franzir a testa com aquele nome exótico. Jisung sorria de lado, batucando os dedos na bancada. Deduzi que eles já se conhecessem bem.

- Sua mãe tava doidona?

- Quê? - Ele riu.

- Jisung? Que nome é esse?

- É coreano.

- Hmmm. - Logo prestei mais atenção em seu rosto, e pude notar que seus olhos denunciavam aquela linhagem. - Então você é coreano? Um coreano carioca?

Ele riu alto.

- Acho que sou mais carioca do que coreano. - Tomou um gole de sua cerveja.

- É, dá pra perceber, seu sotaque carioca é forte, me irrita. - Revirei os olhos.

- Você é grossa, hein? Já seu primo é outro nível, ele sim é sangue bom.

- Então vai lá ficar com ele, já fiz a comanda com seu nome, o que tá querendo aqui?

- Você.

- Quê?!

Entrei em choque por um instante. Ele sorriu, esboçando uma expressão divertida.

- Quero ver o que vai beber.

- Vai ficar no meu pé a noite toda?

- Qual é o seu nome? - Ele tirou a franja dos olhos.

- Não é da sua conta. - Dei de ombros.

- Aah... Lembrei! Seu primo te chama de Ju, então já tenho duas sílabas.

- Não sei de onde tirou isso. - O barman me entregou minha vodka. - Tá ouvindo coisas.

- Hmm, será que é Julieta?

- Não sei não. - Tomei um gole da bebida.

- Juliete? - Ele se aproximou de mim.

Balancei a cabeça em gesto negativo.

- Jurema?

Dei uma pequena risada com o copo na boca. Ele se aproximou um pouco mais.

- Juracir!

Ri de sua empolgação. Ele parecia pensar que havia acertado.

- É isso mesmo. - Queria que ele acreditasse.

- Tá metendo caô pra cima de mim, não tá? - Ele se aproximou até demais, tentando me intimidar.

- Se afasta aí, vai acabar cuspindo na minha bebida desse jeito.

- Será que não é... Júlia?

Jisung segurou um lado de meu rosto, e percorreu com os olhos um caminho de minha testa até o queixo. No mesmo instante agarrei seu punho e o fiz largar meu rosto, não estava gostando daquilo.

- Ou, talvez... Juliana...

A forma com que meu nome saiu de sua boca, em um murmúrio, muito perto de minha orelha, me fez sentir uma sensação esquisita. Um arrepio. E não era de medo.
Tentei mesmo disfarçar e desconversar, mas minha cara me entregou completamente.

O Preço Do Verão - Han JisungOnde histórias criam vida. Descubra agora