Presa no limbo do litoral

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— Só pra te avisar. — Hyunjin sussurra em meu ouvido. — O Jisung costumava ganhar todas nesse bar.

— Hoje ele não ganha. — travo a mandíbula.

— Só pra te avisar... — Ele reforça e se afasta, ficando ao lado de Jisung.

— Então vai ser um duelo? — Changbin pergunta.

— Acaba com ele! — Carolina aperta meu ombro.

Cerro os olhos, e me posiciono, com a maior concentração possível nesse momento. Jisung se coloca na ponta da mesa, com a postura reta, alisando o taco, ele me olha como um predador. Mas não me intimido, pois garanto mais do que qualquer coisa, que ele é a presa nesse jogo.

De repente, todos no bar estão ao redor da mesa, como se o que estivesse prestes a acontecer fosse um momento histórico para a humanidade.

— Primeiro as damas. — Jisung estende o braço para indicar minha vez.

Concentro toda a minha energia no taco em minhas mãos. As vozes de Juliana e as meninas torcendo por mim se misturam a torcida de Jisung e as apostas que começam a ser feitas entre todos no bar. Então, em um estalar de dedos, todas as vozes para mim estão em segundo plano, pois estou plenamente focada.

Me abaixo. Encaro a mesa e todas as bolas, como se estivéssemos a sós. Miro de forma perfeitamente calculada. 

Comprimo os lábios com força. 

E então... Dou a tacada.

A bola branca faz um zigue-zague perfeito. Atinge a bola 8. Logo, a bola 5. Ambas se movimentam devagar. Não trocam de rota em momento algum, e seguem o caminho planejado. E em poucos segundos, caem, direto nos buracos.

Todos gritam ao meu redor, em grande celebração. Sorrio nem um pouco modesta vendo Juliana e Fernanda brindando, e não me importo com as gotas de cerveja que são derramadas em mim.

Jisung respira fundo, sendo encorajado pelos amigos e alguns bêbados ao fundo.

Ele se inclina... Posiciona o taco com precisão... E não demora muito para dar sua tacada.

A bola branca até tenta. Mas não atinge bola alguma, e apenas desliza pela mesa, vagando sem rumo.

Não consigo evitar meu sorriso largo, comemorando junto as garotas, enquanto Jisung tenta manter a postura e seus torcedores tentam animá-lo.

Eu achei que isso seria mais difícil, confesso. Mas, de três tacadas seguidas, eu acerto pelo menos uma bola em todas elas, enquanto Jisung acerta sua primeira bola apenas na terceira. Não consigo conter uma risadinha, pois é extremamente engraçado. Como o cara mais marrento de Itaipuaçu, que supostamente costumava ganhar todas as partidas nesse bar, consegue ser pior do que tio Zinho?

É impossível não notar seu rosto vermelho e sua mandíbula travada enquanto o zoamos. Gosto de vê-lo assim, me encarando com raiva, cerrando os olhos, segurando tão firme o taco em suas mãos, que parece prestes a quebrá-lo.

— Se quiser desistir... Não vou te julgar. — Sorrio irônica, e todos ficam eufóricos.

— Pode sonhar. — Ele diz com uma expressão séria, e ajeita a postura.

Jisung se posiciona. Analisa o jogo com cautela. Mira. E então... Dá a tacada.

Uma tacada que me faz sorrir de deboche, pois a bola branca faz um movimento tão leve, que parece não ir longe.

Até que, de repente, ela parece ganhar vida própria.

A bola atinge, uma... Duas... Três... Quatro... Cinco... Cinco. Bolas.

O Preço Do Verão - Han JisungOnde histórias criam vida. Descubra agora