Adeus férias

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Sinto o piso gelado na sola dos pés, caminhando devagar pelo corredor atrás da casa. Cacá insiste em ir na frente para me proteger, mesmo sabendo que seu porte não o favoreceria a vencer em uma luta corporal contra algum bandido. Nossos passos suaves e cautelosos são quase inaudíveis, ao mesmo tempo em que me esforço ao máximo para que minha respiração não emita som. Devo dizer, estou com medo, estou morrendo de medo, sei muito bem que eu e Cacá não somos uma dupla forte para combater alguma coisa, somos a pior dupla possível.

— Por que cê não chamou o tio Zinho? — Sussurro.

— Eu chamei. — Quase não consigo ouvir o que ele diz de tão baixinho. — Ele mandou eu ir dormir.

— Porra Cacá, e Fernanda?

— Eu não queria ir no quarto delas e acordar sem querer a Alessandra. — Ele argumenta com as mãos. — Imagina se na primeira noite aqui ela dá de cara com um cara armado sei lá.

— Não fala isso. — Murmuro, me encostando na parede. — Não tem cara armado aqui.

— Eu vou pegar alguma coisa pra defesa.

A medida que ele caminha de volta para dentro da casa, o vento sopra mais forte, balançando seu pijama furado do Ben 10. Respiro fundo, olhando para o céu, tentando me convencer de que não tem ninguém aqui.

Quando Cacá volta, mostra o facão em sua mão direita, e estende o guarda-chuva enorme de vovô para mim.

— Foi o melhor que consegui.

— Espero que não seja necessário. — Pego o facão.

— Ei, me dá isso! — Murmura alto.

— De jeito nenhum! Você nunca usou isso nem pra cortar comida.

— Tá, tá, então vamo logo. — Ele segura firme o guarda-chuva e caminha na minha frente.

Caminhamos em completo silêncio até a garagem. Olho para os lados. Não há sinal de pessoas além de nós dois.

— Não tem nada, vamo voltar.

— Calma. — Ele aponta o guarda-chuva. — Eu ouvi alguma coisa.

— Vamo voltar, Cacá. — Puxo seu braço.

— Não, espera. — Ele vai em direção ao carro de meu avô. — Vem aqui. — Ele faz sinal para que eu me aproxime.

Ando bem devagar até meu primo, me perguntando de onde ele está tirando tanta coragem. Esqueci que ele ainda está na idade em que as pessoas acham que são invencíveis. Cacá verifica se o carro está trancado e olha o retrovisor, enquanto eu permaneço estática atrás dele.

— Olha ali atrás. — Ele sussurra em meu ouvido.

Minhas pernas tremem, mas vou para trás do carro enquanto ele checa dentro do veículo. Não vejo ninguém ali atrás. Ufa.
Faço sinal para Cacá, mas não satisfeito, ele faz mímica para que eu olhe embaixo do carro.

Fecho os olhos por um momento e me abaixo. Lentamente. Inclino a cabeça. Tão devagar quanto uma tartaruga. E abro os olhos.

Só percebo que gritei quando Cacá corre até mim me perguntando o que vi. Meu coração bate tão forte, que quando me afasto do carro, quase caio para trás ao ver um cara loiro pulando do telhado como um flash. Ele cai na rua e sai correndo desesperadamente, mas não é quem vi. Cacá tenta me acalmar e se abaixa para olhar debaixo do carro. E é pela forma que meu primo arregala os olhos que sei: Ele ainda está ali.

— Jisung?

Ouço o suspiro daquele babaca, quando ele sai e se levanta, erguendo as mãos como se se rendesse para a polícia. Vejo algo cair do bolso de sua bermuda quando ele se vira para nós, é quando olho para o chão, e vejo algumas ferramentas.

O Preço Do Verão - Han JisungOnde histórias criam vida. Descubra agora