Gin, vodka e catuaba

1.2K 111 424
                                    

— Batom? — Fernanda me oferece.

— Laranja? — Faço careta tirando o cinto de segurança.

— Acho que tenho vermelho. — Juliana meche na bolsa.

— Ninguém tem rosa? — Checo a maquiagem no pequeno espelho redondo. — Caramba, como eu fui esquecer esse batom...

— Vai sem mesmo, já tá linda assim. — Fernanda diz enquanto passa o batom laranja.

— Nossa tá mesmo! Cê arrasou! — Juliana confirma, me fazendo sorrir.

— Obrigada. — Ajeito os cabelos.

Fecho o espelho para colocá-lo dentro da bolsa, mas sou interrompida com o som de uma notificação em meu celular.

— Põe isso no silencioso, já tá chato. — Fernanda estala a língua.

— Tá bom. — Respiro fundo e atendo ao pedido. — Não sei o que ele quer tanto comigo...

— Ai, deixa ele pra lá! — Fernanda abre a porta e sai do carro.

Olho o número de Jisung novamente aparecendo na tela do telefone. Há tantas mensagens que não consigo contar. Por que ele me mandou tanta coisa? Eu vou embora dessa cidade logo, por que ele não me esquece de uma vez? Estou me corroendo para não ler, admito...

Respiro fundo. E meu dedo começa a deslizar devagar para desbloquear o telefone.

— Bora? — Juliana cutuca meu ombro, e sai do carro, fechando a porta.

— Anda, Jujuba! — Fernanda me chama de longe.

E eu escureço a tela do telefone, sem sequer dar uma espiada nas mensagens.

Então saio do carro, e minha prima tranca tudo.

Caminhamos por um lugar onde não há quiosques, bares, nem ao menos um banheiro químico. E quando chegamos no local da festa, próximo às pedras, tudo o que encontramos é um aglomerado de pessoas na areia, e no meio da vegetação, uma bonita casa amarela iluminada, de onde a música vem.

— Vou te dizer uma coisa: é bem previsível que o Jisung esteja aqui. — Juliana se vira para mim.

— Cê não vai atrás dele não, né, Jujuba? — Fernanda me olha séria. — Se valoriza.

— Ó, eu n...

— Iiih, ali ó!

Juliana me interrompe, indicando discretamente com a cabeça uma mesa de plástico cheia de bebidas. E meu coração dá um mini pulo, porque logo atrás da mesa, sentado em uma pedra, vejo Jisung, com uma garrafa de bebida na mão, conversando com um homem forte e uma garota de cabelos azuis que tenho certeza de que vi no luau.

— Falei, tá aí. — Juliana diz.

— Então vamo pra outro canto, antes que ele te veja. — Fernanda segura minha mão e me puxa.

Seguimos Juliana até a vegetação, onde há uma trilha iluminada. À medida que subimos o pequeno caminho, a música se torna mais alta. "Ai preto" quase estoura meus tímpanos, junto às garotas que avisto gritando da enorme sacada da casa amarela.

— Madalena! — Juliana grita de repente.

E uma das garotas desce animada, balançando os cabelos ondulados longos e pretos.

— Juju venenooosa! É tu! — Ela diz com o cigarro na boca e abraça Juliana. — E aí, quem são essas princesas?

— Juliana e Fernanda. — Juliana nos apresenta antes que possamos dizer algo.

O Preço Do Verão - Han JisungOnde histórias criam vida. Descubra agora