Onde você estava?

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- Eu pensei que cê tinha morrido.

Meu inconsciente guia as palavras que saem de minha boca, revelando toda a preocupação que carreguei nos últimos dias.

- Nãão... - Ele sorri junto à tragada que dá no cigarro. - Não morreria sem me despedir de você.

E solta a nuvem de fumaça. Tão grande que atinge meu rosto, fazendo-me fechar os olhos.

- Tinha que fazer isso na minha cara?

- Desculpa. - Ele diz, balançando as mãos para afastar a fumaça acizentada. - Mas sabia que tem gente que gosta disso?

- De quê? Ter bronquite? - Abro os olhos.

E ele ri. Uma risada gostosa, que nunca havia visto Jisung dar.

- Aaah, como eu senti falta disso... - Ele traga mais uma vez.

- De fumar?

- De você, das coisas que você fala... - A fumaça foge de sua boca, e se esvai na atmosfera. - Até de você me xingando, nossa!

- É... - Deixo um sorriso pequeno se formar em meus lábios.

Mas quero fazer tantas perguntas, que não cabem em mim.
E é nesse instante, que cruzo espontaneamente os braços. Porque sim, estou feliz que ele esteja bem, mas ainda não entendo, e quero muito entender.

- Cara... Onde é que você tava?

- Tive que me esconder por um tempo.

Diz de forma simples, como se fosse realmente algo simples, e volta a fumar, deixando-me agonizando, com um milhão de questões.

- Bom, pelo menos cê ficou bem no seu esconderijo... - Meu olhar o analisa da cabeça aos pés. - Sem machucados, arranhões, nada... Que bom... Que cê conseguiu escapar...

- Eu não consegui. - Sinto um tom amargo em sua voz.

- Hm?

Sou pega desprevenida, quando ele levanta o moletom preto, deixando sua barriga à mostra. E não estou prestando atenção no abdômen trincado, porque há um corte grande tomando toda a atenção para si. Um corte avermelhado, quase profundo, que ainda parece estar no início da cicatrização. Ver aquilo me causa um embrulho no estômago.

- Cê foi pelo menos no hospital?

- Não, não. - Ele abaixa a blusa, voltando a fumar. - Ia ser mó rolê, não foi nada.

- Jisung...

Sinto uma leve dor de cabeça e fico tonta por um instante, porque suas respostas são curtas e não sanam minhas dúvidas. E há tanto, mas tanto que quero saber... Passei tantas noites cogitando o que teria acontecido, e agora, quando estamos cara a cara, não consigo ouvir uma resposta aberta e crua.

- Quem era aquele cara?

E o que ele faz? Apenas fuma. Deixa a fumaça desaparecer no ar, como se eu fosse parte dela, mas invisível. E demora cerca de 10 segundos, até que ele finalmente abre a boca para dizer algo.

- Gatinha... - Seu tom de voz parece me pedir paciência. - Eu tô com tanta coisa na cabeça...

Eu também. Eu também.
É o que quero gritar. Mas apenas observo-o respirar fundo, sabendo que ele está prestes a continuar sua fala.

- Será que a gente não pode se encontrar amanhã ou outro dia e conversar sobre isso?

Não. Eu quero respostas agora! Eu fiquei esse tempo todo no escuro, preciso de respostas!

O Preço Do Verão - Han JisungOnde histórias criam vida. Descubra agora