E lá estava eu, rindo com Jisung, me divertindo com ele, como se fôssemos íntimos há décadas. Um desastre, uma tragédia. E quando digo isso estou me referindo a duas coisas: ao fato de que eu estava rindo com Jisung e não de Jisung, e ao que veio a seguir.
Foi enquanto continuávamos naquela lutinha na qual eu tentava o empurrar e ele resistia a todo custo, insistindo em me chamar de gatinha por puro deboche. Em certo momento ele perdeu o equilíbrio, e escorregou, caindo na pedra mais baixa, a qual as ondas cobriam facilmente. E naquele mesmo instante, uma onda violenta e grande o atingiu.
- Jisung!
Meu desespero foi sincero. Tão sincero que, daquela pedra de mais de 2 metros, eu pulei, na areia, caindo de pé perfeitamente, como se já tivesse feito aquilo milhares de vezes. Tirei a saída e corri para o mar, com o coração quase pulando para fora.
Eu mal sabia nadar de mergulho, mas não havia tempo pra chamar alguém. Meu corpo conseguia sentir o mar violento até mesmo mergulhando. Ergui os braços na horizontal, buscando sentir as pedras, buscando encontrar Jisung pelo tato, porque não conseguia abrir os olhos na água salgada. Era assustador. Não tocava em nada, não encostava em nada, apenas meus dedos dos pés sentiam a areia debaixo da água, e nada mais, porque não conseguia sair do raso. Quando minha cabeça começou a doer, tive de voltar a superfície para respirar.
- Jisung! - Minha voz falhou de terror.
Então ouvi sua tosse, contínua, um pouco longe de mim. E quando olhei para o lado, lá estava ele, há alguns metros de distância, nadando em minha direção, parando para tossir a todo instante. Minha respiração continuava agitada ao extremo, e eu só conseguia rezar pra que ele chegasse até mim antes que outra onda se formasse, porque não conseguia nadar mais para ajuda-lo, aquela altura eu estava na ponta dos pés. E quanto mais ele demorava chegar, mais meu desespero aumentava, ele ainda estava longe, a onda havia o puxado para longe. Se Jisung não soubesse nadar, talvez teria ido embora...
Eu já disse algumas vezes que queria mata-lo, sei disso, e agora vejo que tenho que tomar cuidado com palavras. Foi algo engatilhado pela raiva, mas não estava falando sério, porém, palavras tem poder. E agora, com minha cabeça quase se afundando por completo, sentindo apenas a ponta das unhas dos dedões tocando a areia, eu rezava para que ele ficasse vivo.- Meu Deus, sai daqui, tu vai se afogar!
Foi a primeira coisa que ele disse, quando finalmente chegou perto de mim, ainda tossindo, tentando expulsar a água intrusa em seu corpo.
- Jisung! Você tá bem? - Meus pés tentaram tocar o chão, mas minha cabeça afundou.
E então, uma sensação nova pairou meu corpo. Senti um misto de euforia, êxtase e um frio na barriga enlouquecedor, quando ele se abraçou a meu corpo, não deixando um espacinho sequer entre nossos corpos, e daquela forma, me levou até a areia.
E no mesmo instante em que chegamos em terra firme, ele se deitou de braços abertos, tossindo, respirando desesperadamente.- Jisung? - Comprimi os lábios, observando seu estado. Era culpa minha.
- Fala, gatinha. - Tossiu, se sentando ao meu lado. Deixei escapar uma pequena risada pela última palavra.
- Vai continuar me chamando assim mesmo depois de ter quase morrido por isso?
- Tu acha que eu ligo? - Ele tossiu. - Eu morreria com prazer te chamando assim.
Respirei fundo, balançando a cabeça em gesto negativo.
- Você tá bem? - Sentei em posição borboleta.
- Talvez... - Ele tirou a camisa enxarcada - Só minhas costas... Acho que bati numa pedra debaixo d' água. - Quando sua mão direita tocou suas costas, notei que ele tentou disfarçar uma careta de dor. - Não foi nada demais.
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O Preço Do Verão - Han Jisung
FanfictionE se o Jisung fosse carioca? Sair da cidadezinha de Santos da Mata para respirar o ar carioca sempre valia a pena, e é por isso que viajar para Itaipuaçu no Rio de Janeiro já havia se tornado uma tradição da família de Juliana. Mas, daquela vez, era...