A praia que não existe

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Não consigo dizer nada, porque sinto o perigo no ar, e nesses casos sei que o melhor é não interagir. E por um momento tento dar um passo para frente e passar por ele, mas sinto as mãos de Jisung em meu ombro, me impedindo. E o mais estranho disso, é que posso sentir seus dedos inquietos, batucando o tecido de minha blusa. Ele está nervoso, e isso não significa boa coisa.

Levo um susto e me encolho, junto de Jisung apertando meus ombros, quando de repente, o homem gargalha. Uma gargalhada sádica, como a de um vilão que está prestes a torturar alguém.

- Mc Hanji... - Ele conhece Jisung. Se um cara assim conhece Jisung, ele pode estar envolvido com algo ruim... No que eu fui me meter? - Bem que disseram que você gostava de trepar em lugar público.

- Deve ser por isso que levou outra surra. - Jisung se coloca na minha frente, como um escudo. - Tu só fala merda.

Meu coração se acelera. Quando a mão do homem. Lentamente. Adentra o bolso de sua bermuda. Tenho medo do que ele está prestes a tirar dali e pressinto que seja uma arma, ou qualquer coisa que vá nos matar.

Mas o que ele tira dali... É um celular.

Olho para o rosto de Jisung. Uma expressão fechada o toma, como se quisesse transparecer que não está com medo. Mas posso notar sua tensão, pela forma com que batuca os dedos na coxa. Algo de ruim está prestes a acontecer, posso sentir isso.

O homem meche no celular de forma despreocupada, e de repente, para. E então, sentindo meu coração pular, eu tremo, quando ele ergue o aparelho, mostrando uma foto. Uma fotografia que mostra eu e Jisung, entrando na delegacia.

- Fizeram uma boa caminhada hoje de manhã. - Ele debocha.

- Tá me seguindo? - Jisung cerra o punho.

- O quê? - O homem riu. - Achou que era brincadeira quando o Gomes disse que seria observado?

Jisung engole em seco. Estou com medo do que pode acontecer aqui, e tudo o que penso é sair correndo. Mas sei que chamaria a atenção demais. Então apenas me aproximo, devagar, dando um passo em direção à escada. E tento passar pelo homem.

- Aonde vai, gracinha? - Fecho a cara quando ele me puxa pelo braço. Quem esse idiota pensa que é pra me encostar? - O papo tá bom, fica aqui com a gente.

- Ei, solta ela! - posso ver as veias saltadas de Jisung quando ele grita.

Dou-lhe um empurrão forte, com raiva, e o homem solta meu braço.

- Por que foi à delegacia, hoje??!!!

Tenho certeza de que minha alma saiu do corpo por 2 segundos, quando o homem gritou agressivo, agarrando Jisung pelo pescoço, e o apontou uma faca com o braço enfaixado. De onde aquilo havia saído eu não sabia. Só sabia que queria sair correndo. Mas estava aterrorizada.

- Não... É. - A voz de Jisung estava espremida. - Da... Sua. Conta.

- Fala, porra!

- Ju...

Não esperei que ele completasse as sílabas de meu nome com sua voz estrangulada para que eu corresse. Corri muito. Desesperada. Corri tanto que mesmo sem olhar o relógio, tenho certeza de que cheguei na delegacia em bem menos que 5 minutos. Apavorada, desnorteada, com o coração na boca, entrei gritando desesperada.

- Tem um cara... - Minha respiração falhava à medida que buscava mais o ar. - Com uma faca!

E ninguém. Absolutamente ninguém, olhou pra mim. A delegacia estava um caos. Não entendia como havia ainda tanta gente ali. Conversavam ao mesmo tempo, e sequer perceberam minha presença, o que me fez correr para o primeiro policial que vi.

O Preço Do Verão - Han JisungOnde histórias criam vida. Descubra agora