Hoje eu quero me perder em você

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Sem dizer nada, me virei para me afastar, antes que ele pudesse notar que meu rosto estava mais vermelho do que um pimentão. Mas sou idiota, muito mesmo, porque ao invés de nadar, pensei que poderia sair dali andando, mesmo na ponta dos pés, e quando dei um passo pesado pela água, não encontrei o chão, e meu corpo afundou com tudo.

Posso afirmar que a pior sensação do mundo estava nas mãos grossas de Jisung, segurando minha cintura debaixo da água e me trazendo de volta a superfície, porque aquilo me causou um frio na barriga surreal e fez meu coração se acelerar pra caramba.

- Opa! Acho que tá meio fundo pra você.

Respirei fundo, porque era preciso calma quando alguém que você odeia está te segurando para que você não se afogue, com o corpo tão próximo do seu que você pode até ouvir a respiração, e até a forma com que Jisung respirava era irritante demais.

Olhei para a areia, tão distante, percebendo o quanto estava longe do raso, porque ali não havia ninguém além de eu e Jisung. Identifiquei Fernanda como um pontinho ao longe, saindo da água, subindo a areia, indo em direção a nossos guarda-sóis. Como ela podia estar daquela forma? Ela não ia me procurar? Se preocupar comigo? Se eu tivesse me afogado ela me deixaria ali? Ela queria que isso acontecesse quando me empurrou?

- Tudo bem?

- Me solta! - Não aguentava mais ele tão perto.

- Tá bem.

E ele obedeceu, tirando suas mãos de meu corpo. No mesmo instante, afundei, e comecei a me debater para voltar a superfície, enquanto ele me observava com um sorriso idiota no rosto. Babaca.

- Quer ajuda, aí?

- Eu vou voltar. - Continuava me debatendo, sem conseguir sair do lugar.

- Tá bem.

E eu ainda me debatia, sem nadar ao menos 15 centímetros, e tenho certeza de que ele estava se segurando para não rir.
É... Ser uma aluna ausente e largar a natação quando tinha 10 anos não tinha sido uma boa ideia, talvez se eu tivesse completado pelo menos 2 meses de aula, não estaria sendo esse fiasco.

Jamais admitiria isso em voz alta, mas eu queria muito que Jisung tomasse uma atitude e me segurasse de novo, porque eu era orgulhosa demais para pedir, e não queria lhe dar o gosto de se sentir em posição superior. Queria mostrar que não dependia dele ali, mas minhas habilidades inexistentes para o nado não colaboravam com aquilo, e quando Jisung cruzou os braços enquanto me observava, fiquei ainda mais irritada com aquilo.

- Parece um filhotinho de cachorro aprendendo a nadar.

- Vá se foder!

Engoli água quando xinguei, e me embolei em uma tosse terrível. Ele riu. Idiota.

De repente, senti suas mãos em minha cintura novamente, dessa vez, segurando-a mais firme. Não hesitei, e deixei que ele me segurasse, porque meu corpo estava de fato aliviado, e cansado de tentar não se afogar.

- Quer que eu te leve até o raso? - Por que o rosto dele tinha que ficar tão perto?

- Não. - Não preciso ser carregada até lá, isso é humilhação demais.

- Então vamos ficar aqui.

Respirei fundo. Droga.

- Viu que seu primo agora vende sacolé?

- O quê? - Franzi a testa.

Jisung indicou com a cabeça o lugar na areia onde estava seu carrinho. Havia um homem segurando a alça, entregando um sacolé para um menininho saltitante. O homem era
Cassiano, ele era fácil de reconhecer a distância.

O Preço Do Verão - Han JisungOnde histórias criam vida. Descubra agora