- Eita, já vai começar a parada!
Desfiz a interrogação em meu rosto quando tio Zinho apareceu de repente, exalando um bafo misto de cerveja e cigarro terrível.
- Aqui, Jujuba. - Fernanda surgiu me entregando uma lata de cerveja bem gelada.
O som de muitas pessoas conversando ao mesmo tempo despertou meu olhar para as caixas de som, em poucos segundos a maior parte dos presentes havia se concentrado ali. Foi fácil encontrar Cassiano na multidão, aquela camisa de botão com estampa colorida de grafite era única.
- Vem chegando galera, vem chegando!
No momento em que o locutor convocou, nos aproximamos da concentração de pessoas. Eu não conseguia ver nada, mas também não estava muito empolgada, porque nem sabia direito o que iria acontecer ali, nunca havia visto uma batalha de rap, nem mesmo na internet. Então ouvi Fernanda gritar meu nome com escândalo, e quando olhei para o lado de onde sua voz vinha, me deparei com ela movimentando as mãos em um sinal de "vem cá", subindo em uma rampa com meu tio.
Não perdi tempo e subi, me juntando a eles e algumas pessoas que estavam sentadas em uma rampa média, onde a visão era mais ampla.- O que vocês querem ver? - O locutor perguntou.
- Sangue! - Todos gritaram.
Eu fiquei preocupada.
- O que vocês querem ver? - Perguntou de novo.
- Sangue!
Uai, vai ser uma luta? É isso? Eu achei que eles iam fazer rap... Batalhas de rap são lutas entre rappers? Eu vim vir uma luta? Mas, não faz sentido, era pra ser rap, não? Eles vão brigar mesmo? Isso aqui é permitido pela prefeitura? E se eles se machucarem muito?
- Wow, wow, wow! - A multidão gritava com empolgação, balançando as mãos como se abanassem energia para o centro da roda.
E quando olhei para o centro, já preocupada, arregalei os olhos. Jisung estava ali, havia virado o boné para trás e tinha um microfone em mãos, enquanto encarava o cara que havia interrompido nosso beijo na pedra.
A multidão continuava a gritar "wows" contínuos, e eu começava a ficar apreensiva porque não sabia o que iria acontecer. Um beat tocava nas caixas de som, e eu apertei os olhos, aflita, com medo de presenciar um soco vindo de um dos dois.- Aí, família! Naquele pique, haha! Mc Hanji!
Mc? Jisung é MC? Isso não era de funk? Caramba eu não tô entendendo nada...
- Wow, wow, wow, wow! - O público gritava.
- Cheguei nessa roda, só no sapatim, convocando a funerária pro enterro do MC Bin. - Ele movimentava as mãos de forma frenética. - Nutellinha de Niterói, querendo me vencer, com essa sua marra de playboy, nego tem dó te bater, não cai na mão e nem no braço, muito menos na rima, e com essa cara de Shrek não pega nenhuma mina! - "Wooow", todos gritaram. - Se liga meu mano, tu veio trajado no cosplay errado, Branca de Neve tem sete anões, não precisa do oitavo!
- Wooow, wow, wow, wow! - O público se empolgou.
Se eu pudesse colocar um emoji no meu rosto agora seria o de palhaço. Eles não iriam se bater, pelo menos não fisicamente, e olha... Jisung até que levava jeito pra coisa.
Ele esbanjou um sorriso confiante, entregando o microfone para o garoto que agora eu conhecia como MC Bin, que fazia um sinal de rock com as mãos, como se fosse alguma forma de dizer que o oponente havia mandado bem.- Ahan, ei! - Ele se aquecia. - Ei! Ei! Ei! Diz que eu não caio na mão, mas nunca me desafiou, qualé Hanji? Já se decreta perdedor? Meu braço é maior do que o seu, é por isso que cê tem medo, se vier cair na mão, não vence nem luta de dedo. - Bin era rápido de uma forma impressionante e não vacilava em nenhuma sílaba. - Diz que minha marra é de playboy porque nunca se olhou no espelho, na sua legenda "favela vive" mas nunca nem viu o gueto, "Hanjimalvadão", haha, para que cê tá manjado, se eu sou Shrek pego a Fiona e tu fica de quatro pro príncipe Encantado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Preço Do Verão - Han Jisung
FanfictionE se o Jisung fosse carioca? Sair da cidadezinha de Santos da Mata para respirar o ar carioca sempre valia a pena, e é por isso que viajar para Itaipuaçu no Rio de Janeiro já havia se tornado uma tradição da família de Juliana. Mas, daquela vez, era...