O coração perdoa, mas não esquece à toa

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— Ei, sai do celular! — Tenho um espasmo quando Cacá aparece do nada em um pulo, sentando ao meu lado.

Ele ri de minha rapidez e desespero quando escureço a tela do aparelho, e ajeita o boné para trás. E no momento em que ele coloca o skate no colo, sei que ele vai dizer algo.

—O que foi, Ju? — Seus olhos me encurralam de uma maneira, que quase deixo escapar pela boca todos os pensamentos que estou tentando evitar.

— Vamo pra casa? Tô me sentindo meio enjoada. — Desconverso ao me levantar, deixando-o confuso sentado no concreto.

— O que você comeu?

— Ah... Não sei... — Digo no automático, não consigo raciocinar melhores respostas agora.

— Tá escondendo alguma coisa, não tá? — Ele se levanta. — O que foi?

—Que isso Cacá? — Franzo a testa, estranhando a forma que ele me confronta.

— Tava conversando com quem?

Solto uma risada quando enxergo os trejeitos de vovó em sua expressão corporal.

— O que foi? — Ele ergue uma sobrancelha.

— Tá igualzinho a vó!

— Vai se lascar! — Ele ri, me dando um pequeno empurrão.

— Não se preocupa comigo. — Toco seu ombro. — Tô só com saudade de casa...Quando a gente voltar, vou ficar melhor.

— Que mentirada... — Ele estala língua. Imita propositalmente o tom de voz de Fernanda, e me faz gargalhar.

— Cacá...

— Cê vai me contar o que tá rolando ou não?

— Não se preocupa comigo.

— Hmmm. — Ele dá um passo para frente, me encarando.  — Jisung, né?

Fico boquiaberta com a rapidez com que ele me decifra.

Então, percebo que na verdade Cacá não está me decifrando, não precisa adivinhar nada quando a resposta está nítida em minhas mãos. Impaciente como o vi poucas vezes na vida, meu primo indica com a cabeça meu telefone, porque só eu não percebi que estão chegando mais mensagens em meu celular, que não escondem a foto de perfil de Jisung.

— Eu pensei que cê não falasse com ele mais... — Consigo enxergar um pouco de decepção em seus olhos.

— E eu não falo...

O silêncio reina entre nós, até Cacá colocar o skate debaixo do braço, e suspirar.

—  Ah, eu não tenho nada a ver com isso também, né? — Ele dá um passo para trás. — Desculpa.

— Que isso, Cacá, tudo b...

— Ju, posso te fazer uma pergunta sobre o Jisung? — Ele me interrompe.

Encaro meu primo por um instante, sem reação. Tenho medo que essa pergunta seja doída. Levo um momento para pensar antes de responder.

— Pode...

— O que cê vai fazer quando a gente for embora?

— Como assim? —Minha sobrancelha erguida indica que realmente não entendi o que ele quis dizer.

— Cê sabe...

— Não, eu realmente não saquei. — Cruzo os braços.

— Ju... — Ele se aproxima, com um olhar que me acusa e me encurrala. — Cê ainda gosta dele. — Meu estômago revira. — Muito.

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⏰ Última atualização: Jun 17 ⏰

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O Preço Do Verão - Han JisungOnde histórias criam vida. Descubra agora