Já era o segundo dia.
A porta tinha sido aberta exatamente quatro vezes para trazer água e comida. Nenhum dos homens respondiam suas perguntas.
O vagão estava totalmente sujo de carvão e a falta de ventilação parecia piorar a situação. Fora uma tortura para todos acordar e perceber que não era um pesadelo. Cada um lidava da melhor forma que podia, mas a falta de notícias desestabilizava qualquer um naquela situação.
Não faziam ideia se era manhã ou tarde.
Bruce estava deitado na mesma posição do dia anterior, as mãos amarradas atrás da cabeça serviam como travesseiro e seus olhos estavam fechados, mas todos sabiam que ele estava acordado e que muito provavelmente sequer havia dormido.
Doug ficou no canto, se levantava de vez em quando para esticar as pernas e respondia sempre que falavam com ele, somente isso, ninguém comentava, embora soubessem que ele devia estar remoendo o arrependimento de ter inventado uma desculpa para ficar de licença da faculdade.
Andrew e Cecília ficaram juntos o tempo todo, eram os que mais conversavam entre si. Bruce sabia o que melhor amigo tentava fazer, estava falando de assuntos diversos para distrair a mente da esposa, mas depois de tantas horas já não estava funcionando.- Eu... eu não consigo respirar. – Falou Cecília já começando a hiperventilar.
Doug ficou alerta, Bruce abriu os olhos e se arrastou com dificuldade com os pés amarrados até os amigos. Uma estranha sensação de déjà vu tomou conta de si. Ver Cecília ansiosa daquele jeito o fazia lembrar de Nathaniel e da época que ajudava o grupo a levá-lo da Escócia para Londres. Aquela mesma sensação de medo e nervosismo que não o deixava dormir estava de volta. Rezou para que todo o sofrimento, perda e desespero daquela época não se repetissem.
Andrew, mesmo ainda com as mãos amarradas, passou a esposa entre os braços e a apoiou em seu peito para mantê-la sentada e não dificultar sua respiração.
Cecília não tinha problemas de saúde que dificultavam sua respiração, Andrew sabia que aquilo estava acontecendo por ela estar nervosa e ansiosa. Precisava acalmá-la de alguma forma, mas não sabia como.
- Cecília... – A chamava sentindo o coração se apertar toda vez ela tentava puxar o ar, mas não conseguia – Meu amor... Olhe para mim. Você está bem, entendeu? Nós todos estamos bem...
As mãos de Cecília tremiam e uma forte sensação de aperto no peito tomava conta de si. Estava vendo Andrew de forma embaçada e mal escutava a sua voz, queria o tranquilizar e dizer que estava bem, mas não conseguia. A vertigem a fazia ficar cada vez mais tonta e um formigamento percorria seu corpo.
Estava totalmente em pânico.
- Andrew... – Chamou-o – Eu... eu sinto que vou morrer...
- Não fale besteiras, estúpida... – Abraçou-a mais junto a seu corpo – Eu não vou deixar você morrer...
- Eu já vi Nathaniel ficar assim uma vez, ele não conseguia sequer ficar de pé. – Bruce ficou ao lado dos amigos.
- O que fizeram para ele melhorar? – Perguntou Andrew sem tirar os olhos da esposa que parecia estar a ponto de desmaiar a qualquer momento.
- Nós deixamos ele sozinho com Louise e ela conseguiu fazê-lo voltar ao normal.
- O que ela fez?
- Eu não faço isso ideia. – Respondeu aflito.
- Cecília... – Aproximou-se do rosto da esposa – Nós vamos ficar bem, entendeu? Nathaniel não irá demorar descobrir que algo deu errado, ele sentirá nossa falta e fará de tudo para nos encontrar. Tente respirar devagar e ficar calma, sim? Eu estou aqui com você...
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O Conde Sequestrado
RomantikApós receber uma missão confidencial do rei da Grã-Bretanha, o Conde de Lewis é mandado para uma estação de trem. Mas o que ele não esperava, era encontrar uma indiana que iria inebriar os seus dias e levá-lo a um impasse entre sua vida na nobreza e...