A fatídica arte de fugir

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Bruce corria enquanto sua cabeça pensava de forma acelerada. Ele não tinha medo de morrer, mas não queria uma morte assim, morrer no meio do nada por desconhecidos seria patético demais. Os barulhos de seus pés, folhas e galhos quebrando pareciam quase o ensurdecer.

Suas pernas ardiam, mas não parou. Um pouco mais a frente pôde ver Andrew e Cecília de mãos dadas voltando para o trem. Bruce não hesitou em grita-los.

- Corram! – Gritou o mais alto que conseguiu.

O casal olhara para trás sem entender, mas Bruce vira o exato momento que seus olhos se arregalaram. Em dois segundos também estavam correndo.

O trem não estava muito longe e alguns homens estavam pelo lado de fora. O conde nunca esqueceria daquela imagem. Os três olharam assustados quando viram os perseguidores e correram para o trem enquanto gritavam para partirem. Sem eles.

E o pior de tudo, Mahara, a comandante deles, estava nos braços dele. E eles não hesitaram em abandoná-la para morrer.

O barulho de apito típico do trem soou. As rodas começaram a se movimentar nos trilhos e os gritos de Andrew e Cecília completaram a sinfonia do desespero.

Nenhum dos três sabiam de onde havia tirado forças para correr ainda mais rápido do que já corriam. Andrew estava na frente segurando a mão da esposa, já estava quase acompanhando o último vagão que ao menos eles deixaram aberto para caso conseguissem a proeza de não levar um tiro e ainda conseguirem pular para dentro do trem.

Bruce teria parado para admirar o amigo se não estivesse sendo perseguido. Andrew puxou Cecília para seus braços rapidamente e a jogou dentro do trem, segurou na porta com uma das mãos e fez impulso para cima, caindo dentro do vagão também.

Mahara já estava em seu colo então tentaria repetir a proeza do Duque, mas dois fatores o atrapalhava: O trem ficava mais rápido a cada segundo e ele não estava tão perto como Andrew.

Tentava pensar em algo, mas estava sem saída. Ou subia no trem ou Mahara e ele morriam. Sentira um tiro passar poucos centímetros acima de sua cabeça e apertou Mahara em seus braços para protege-la.

Tinha que ser agora.

Reuniu suas últimas forças e tentou pular para dentro do vagão. Sentiu Mahara segurando em seu corpo para deixar uma de suas mãos livres. Mesmo estando quase inconsciente ela entendeu o que ele faria.

Bruce se segurou no chão do vagão com a mão esquerda e fez impulso para cima, jogou a perna direita para dentro e caiu perto de Andrew com Mahara em cima de seu peito.

Viu o vulto de Cecília de forma apressada tentando fechar a porta. O trem já estava atingindo sua velocidade normal, deixando seus perseguidores para trás.

As mãos do Conde abraçavam o corpo de Mahara de forma protetora. Mal acreditava que tinha conseguido. Suas pernas ardiam e pareciam ter esgotado as forças completamente, o único movimento que faziam eram os tremores pelos músculos exaustos. Mas não importava, o que o preocupava no momento era sua bela sequestradora que ainda não respirava direito.

Ela tossia tanto que seu corpo inteiro se movia. Uma de suas mãos estava rente ao peito como se pudesse, de alguma forma, diminuir a dor que sentia. A outra mão apertava a camisa do Conde de maneira desesperada e isso o machucou por dentro. Aquela mulher tão louca e perigosa parecia estar sofrendo tanto a ponto fazê-lo se desesperar com ela. Mahara o lembrava uma gatinha arisca, mas ali, agonizando pela falta de ar, parecia tão frágil como um animalzinho indefeso.

Bruce se levantou com ela nos braços e a sentou no chão na forma mais confortável que conseguiu. Andrew e Cecília estavam estáticos sem saber o que fazer.

O Conde SequestradoOnde histórias criam vida. Descubra agora