Alucinando

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William Shakespeare escrevera certa vez que,  “Chorar é diminuir a profundidade da dor”. Essa fora a frase que Bruce se recordara após ter chorado e se desesperado por dois dias inteiros desde a morte de Mahara. Porém, diferente da frase de Shakespeare, chorar não diminuiu a sua dor, pelo contrário, quando se lembrava dela seus olhos ardiam e logo a dor era tanta que ele chorava novamente.

Bruce nunca tinha amado alguém como amara Mahara.

Ele não suportava a ideia de perder uma mulher amada, e depois de realmente perdê-la, ele estava sentindo na pele o que amar alguém daquele jeito podia causar em seu coração.

Ele mal havia dormido, mas sonhou com ela todas as vezes que conseguira fechar os olhos.

Sentado no chão frio daquela cela, Bruce sentia que era o fim. Mesmo que conseguissem sair de lá algum dia, ela não iria para Londres com eles.

– Mahara não iria querer que você morresse de fome. – Doug se aproximou de Bruce e sentou ao seu lado com um pedaço de pão na mão – Faz dois dias que você não come quase nada. Andrew e Cecília tiveram que implorar pra você beber água… – Tocou o ombro de Bruce e o apertou levemente – Ela te chutaria e enfiaria esse pão na sua boca.

Bruce deu um meio sorriso. Doug estava certo, e ela ainda diria “Espero que o pão esteja do seu agrado, Condezinho.”

Céus, ele conseguia ouvir a voz dela perfeitamente em sua mente.

– Não irei irritá-la… – Pegou o pão da mão de Doug e o mordeu.

Ele não sabia dizer se estava bom ou não, depois de tanto chorar, Bruce já não sentia o gosto da comida direito.

Andrew e Cecília observavam aliviados ao ver Bruce finalmente comendo. Doug fora o único capaz de convencê-lo. Os últimos dois dias haviam sido difíceis.

Eles estavam com medo da reação de Bruce. Todos sabiam da história de como ele havia reagido à morte de Wallace, entrara em negação e depois colocou a culpa em Nathaniel, se isolou de todos, os ignorou e quando conversou com eles, os destratou. Doug tinha apenas onze anos na época, mas ele ainda se lembrava daquilo. Todos achavam que Bruce reagiria de forma parecida, mas ele não o fez, apenas se sentou no canto da cela e não saiu mais de lá.

– Eu vou acabar com aquele desgraçado. – Sussurrou Andrew para Cecília – Por ele ter matado Mahara e por deixar a nós e principalmente Bruce nesse estado doloroso de luto.

– Eu também quero destruí-lo, Andrew… Mahara já era uma de nós, e Bruce a amava. – Sussurrou de volta – Parece que ele está definhando por perdê-la. – Encarou o marido e segurou uma das mãos dele – Eu não consigo sequer imaginar a dor que ele está sentindo agora. Se eu perdesse você…

Andrew a interrompeu com um abraço apertado. Ele também não conseguia imaginar a dor que sentiria se perdesse Cecília. Ficaria louco, desesperado.

O duque beijou a testa da esposa e acariciou a bochecha dela com as pontas dos dedos. Ele tinha Cecília ao seu lado, ela era sua esposa, sua melhor amiga e o amor de sua vida. Já Bruce e Mahara estavam apaixonados, mas não tiveram a chance de viver o amor de forma mais concreta.

Seria difícil para os dois na sociedade, mas Bruce não se importaria com isso. Eles poderiam ter tido e vivido tudo, mas o destino impediu.

Bruce não falava sobre o que estava sentindo, talvez por sequer saber exatamente o que sentia. Andrew queria o consolar, mas o conde queria ficar sozinho.

Andrew respeitaria a vontade dele, e estaria lá para quando ele precisasse.

Andrew respeitaria a vontade dele, e estaria lá para quando ele precisasse

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O Conde SequestradoOnde histórias criam vida. Descubra agora