Louco ou masoquista?

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– Durante o dia, os funcionários ficam a maior parte em suas áreas de serviço, eles saem apenas quando Richard os chama. São trinta vigias na casa, eles se revezam em grupos de dez nos turnos do dia, tarde e noite. O primeiro grupo chega às cinco da manhã, o segundo assume às uma da tarde e o último às dezoito horas. O cronograma do lado de fora não é muito diferente, o que muda é a quantidade de vigias que passam a ser duzentos e quatro homens. - Explicou Mahara.

- Então ficam sessenta e oito em cada turno... - Calculou Bruce e jogou o corpo para trás na cadeira - Por que estamos sozinhos aqui mesmo, gatinha arisca?

Era engraçado o fato de tudo parecer mudar de cor quando a luz de uma ponta de esperança brilhava sobre o desespero. Uma semana depois de ter decidido se juntar a eles, Mahara já tinha decorado todos os horários da casa e estava os repassando para um certo Conde que parecia estar meio alheio à situação que estavam passando.

Na semana anterior ele estava a culpando por tudo que tinha acontecido, preocupado demais para sequer pensar racionalmente, mas agora estava ali, com uma postura relaxada na cadeira.

Mahara notara o quanto ele era misterioso. Aquela postura despretensiosa representava o que ele realmente estava sentindo? Ou por baixo de toda aquela tranquilidade, e até mesmo um pouco de descaso, ele escondia uma camada muito mais profunda?

Mahara entendia bem sobre farsas, ela era uma farsante, e podia reconhecer um quando via, mas o Conde agia de uma forma tão natural que ela não conseguia enxergar se aquela personalidade era realmente uma encenação ou não. E se fosse, Bruce deveria ganhar um prêmio por atuação.

- Estamos aqui porque eu deveria estar o seduzindo para conseguir informações. - Explicou com mais paciência do que esperava. Estava determinada a não deixar que o Conde a irritasse - Mas estou te repassando os horários da casa, Condezinho.

Bruce sorriu de lado e Mahara sentiu um arrepio na espinha, algo lhe dizia que sua determinação tinha que ser muito mais forte do que imaginava.

- Gatinha arisca, você é incrível. - A fitou diretamente nos olhos sem perder a expressão provocadora. Mahara queria bater nele - Você consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo, isso é admirável.

Mahara revirou os olhos e imitou a expressão dele. Eram nesses momentos que se lembrava que também não era uma pessoa fácil de lidar.

- Eu não estava o seduzindo, Condezinho. - Se aproximou e colocou as mãos sobre os dois botões superiores de sua camisa que estavam abertos - Estamos arquitetando uma fuga.

Bruce suspirou de modo quase imperceptível quando ela começou a abotoar sua camisa e seus dedos roçaram levemente em sua pele.

- E isso é estranhamente atraente. - Respondeu sem tirar os olhos dela.

Tinha algo... magnetizante em Mahara. Ele não conseguia não olhá-la e muito menos não provocá-la

Ficou uma semana se esforçando para manter a cabeça fria e agir com a mesma despreocupação de sempre, mas quando estava com Mahara era diferente. Ela tinha a habilidade de despertar o seu lado mais implicante e provocador. Bruce simplesmente não conseguia parar até fazer com que ela revidasse com aquela mesma ousadia.

- O Condezinho é um tanto estranho. Quando eu estava disposta a seduzí-lo, me rejeitava todas as vezes, mas agora que já não é do meu interesse... - Aproximou seu rosto ao dele minimamente e diminuiu o tom de voz para que não passasse de um sussurro - ... fica me dizendo coisas assim. Não acha uma atitude um tanto contraditória? Não sei se está perdendo a lucidez ou se é aquele tipo de homem que valoriza apenas as mulheres que não o querem. Devo dizer que minhas dúvidas são fortes. Eu lhe rogo que me tire desse grande martírio e responda, Condezinho.- Sorriu de canto, os olhos reluzindo um brilho travesso - Você é louco ou masoquista?

O Conde SequestradoOnde histórias criam vida. Descubra agora