Uma vilã benevolente

272 59 92
                                    

– Ele vai voltar. Por que Richard o mataria no meio da madrugada? – Falava Doug enquanto observava Andrew e Cecília andarem de um lado para o outro na cela – Ele é um sádico maluco, se fosse matar Bruce, faria na nossa frente.

– Doug tem razão. – Cecília parou e respirou fundo tentando se acalmar – Logo ele estará aqui.

Andrew continuou andando por mais alguns segundos até sua mente processar o palpite de Doug. Ele parou e passou as mãos pelos cabelos pretos em uma tentativa de se manter estável.

Estava enlouquecendo naquele lugar.

Já fazia quanto tempo que tinham sido sequestrados? Eles não faziam ideia.

– Eu não aguento mais esse inferno. – Declarou Andrew enquanto se controlava para não chutar as grades da cela.

– Eu também não aguento mais. – Cecília se aproximou e segurou o rosto do marido com as mãos – Contudo, não podemos nos entregar a toda essa aflição. Vamos continuar orando para que Deus escute nossas orações e mostre o caminho de onde estamos para Ise e Nathaniel. – Fitou os olhos verdes do marido. Sua face estava cada vez mais magra e preocupada – Andrew?

O duque suspirou e acariciou as mãos da esposa que ainda estavam em seu rosto. Ele tentou dar um meio sorriso, mas sequer conseguiu. Estava exausto de tudo aquilo. E embora Cecília e Doug estivessem tentando ser positivos, não conseguiam resistir à ansiedade.

O medo constante de fechar os olhos e talvez não poder abri-los novamente ou acordar com um deles morto, estava consumindo a sanidade de cada um.

O barulho das chaves ecoou. A porta estava se abrindo. Os três encararam a porta, rezando para que fosse o conde.

E era.

Bruce estava sendo escoltado de volta para a cela por um dos homens de Richard. Ele olhava para baixo, sua camisa estava toda aberta, mostrando seu peito e abdômen. O cabelo estava bagunçado, sua calça sem cinto e faltava um de seus sapatos. Mas certamente o que mais os incomodou foi o silêncio do conde.

O homem abriu a cela, empurrou Bruce dentro, trancou-a e saiu. Simples como uma conta básica de matemática.

Os três estavam esperando alguma explicação ou um depoimento, mas tudo que receberam foi um conde em silêncio cheirando a vodka e whisky.

– Você não vai nos dizer o que aconteceu? – Perguntou Andrew ligeiramente irritado pela tranquilidade do amigo, mas imensamente aliviado por vê-lo vivo.

– Cale a boca, Andrew. Minha cabeça está explodindo. – Respondeu o conde, se deitando no chão em seguida.

– Nós estávamos preocupados com você. – Interviu Cecília antes que o marido falasse mais alguma coisa ou chutasse o amigo.

– Vocês falam como se fosse escolha minha poder ir e vir no momento que me desse vontade. – Respondeu e começou a massagear as têmporas.

– Você ainda não está completamente sóbrio. – Doug tomou a frente – Nós sabemos que ela era especial para você, mas beber assim é-

– Ela está viva. – Revelou – Mahara está viva.

Os três se entreolharam preocupados.

– Bruce... – Cecília começou – Sabemos que sente falta dela, mas nós vimos a mina explodir, ficamos quase uma hora do lado de fora e ela não foi resgatada... – Parou para escolher as palavras – Você precisa aceitar que ela se foi.

Bruce suspirou e tirou do bolso, a joia vermelha que Mahara usava na cabeça, chocando os três no processo.

– Eu estive com ela noite passada. Mahara realmente estava debaixo da terra naquele dia, mas não era o mesmo lugar que Richard explodiu. Ele queria ver a minha reação. Achou que, se eu pensasse que Mahara estava morta, iria ficar atordoado o suficiente para dar informações da Coroa a ela quando visse que não estava morta. Richard não desistiu da ideia de fazê-la me seduzir, porém ele quis me destruir primeiro dessa vez.

O Conde SequestradoOnde histórias criam vida. Descubra agora