Açoitando a alma

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Andrew não soubera o exato momento em que suas pernas ganharam forças ou que estava correndo tão rápido pela casa. Mas talvez, apenas talvez, Bruce tenho sido o responsável por despertá-lo, ao menos um pouco, de seu transe que estava enraizado em sua mente que apenas conseguia se concentrar nas palavras “Parabéns” e “Herdeiro”, que vinham acompanhadas de mãos dadas enquanto dançavam alegremente em volta de “Cecília” e “Grávida”.

O Conde agira tão rápido que até mesmo se surpreendera com os próprios reflexos. Andrew corria pela casa de forma afoita, Bruce estava tendo dificuldades em acompanhá-lo, mas no instante em que sentira que pessoas estavam se aproximando, foi como se seu corpo ganhasse mais duas pernas e dois braços, que juntos, conseguiram agarrar o Duque pelas costas e entrar no primeiro quarto que viu.

Enquanto os homens passavam pelo corredor, Bruce se perguntava, mais uma vez, como viera parar naquela situação. Se não tivesse voltado para Londres justamente naquele dia, não teria sido sequestrado também. Era como se o destino quisesse que ele estivesse no trem e, por conta disso, agora ele estava agarrado com um homem em um quarto escuro.

A vida não estava sendo justa com ele.

Agarrar Mahara e Andrew na mesma noite era como receber uma bênção e depois um castigo em um curto período de tempo, deixando-o até mesmo atordoado.

– Pare de babar na minha mão, estúpido. – Sussurrou Bruce.

Andrew mordeu os dedos dele, fazendo com que o conde recolhesse a mão e xingasse mentalmente.

– Então tire ela da minha boca, imbecil. Eu não vou fazer barulho, preciso sair daqui vivo para ver a minha esposa.

– Você estava correndo feito uma gazela no campo, não parecia querer ser discreto.

– Eu estou com pressa. Se coloque no meu lugar e pense como reagiria se fosse com você. – Revirou os olhos e foi em direção à porta, conferindo se o caminho estava livre.

Bruce abrira a boca para dizer que isso nunca aconteceria com ele, pois jamais se casaria e muito menos teria filhos, mas sua língua travou. A imagem de Mahara apareceu em sua mente no mesmo instante.

Se já estava apaixonado por ela, por que não pedi-la em casamento? Mesmo que se separassem, ele duvidava muito que conseguiria esquecê-la. Toda vez que olhasse para vestidos coloridos, se lembraria das roupas dela, se visse tulipas, também pensaria em suas flores favoritas. Quando olhasse para pôr o Sol, veria a cor de seus olhos, se sentisse o cheiro de perfume, também se recordaria que ela usara várias fragâncias diferentes quando se conheceram.

A neve o faria lembrar do beijo daquele dia e toda vez que anoitecesse, ele se recordaria das noites que se encontraram e as conversas que tiveram e também da fogueira que os aqueceu quando dormiram abraçados na caverna.

Céus, até mesmo se visse uma vaca, se lembraria dela.

Ele já a amava, e seria um tolo se a deixasse ir.

Suas pernas e mãos tremeram levemente. O maior medo de sua vida estava prestes a ser superado. Ele não sabia quando o processo de cura tinha sido feito, talvez tenha sido nas vezes em que eles discutiram ou talvez quando Mahara revirava os olhos para cada absurdo que ele falava.

Em cada sorriso sarcástico, cada toque, cada beijo e em cada lágrima.

Mais uma vez, ele pensou que a amava e que seria um imbecil se não se casasse com ela.

Casamento.

Por Deus, o que aquela mulher tinha feito com ele?

Bruce saiu de seus pensamentos ao sentir a mão de Andrew em seu ombro, sacudindo-o levemente.

O Conde SequestradoOnde histórias criam vida. Descubra agora