Revelado

326 62 106
                                    

Mahara estava vestindo suas roupas novamente quando olhou estreitamente para Richard e o viu voltar a escrever a carta que preparava antes dela entrar no escritório.

Ela sabia que ele não a deixaria em paz já que fazia um tempo que ela estava fora, mas não era como se ele não tivesse dormido com outras mulheres durante esse período. Richard era um homem estranho. Mahara o conhecia a quatro anos e ainda não o tinha desvendado por completo.

Ele sempre sentira uma atração estranha por ela, como uma obsessão insana que não parou até ele a conseguir. Mahara era sua noiva, como a primeira dama de todo aquele crime desumano. Mas ela não era importante.

Se algum dia ele chegou a gostar dela pelo menos, esse sentimento já tinha ido embora a muito tempo, agora tudo era apenas... frio. Ela era a noiva que ele praticamente comprou e tinha que servi-lo. Quando ela era inalcançável, Richard a queria mais que tudo, mas agora que eram noivos, ela servia apenas para satisfazê-lo e cometer crimes.

Mahara terminou de arrumar o vestido e se pôs a procurar seu sari que Richard jogara em algum lugar pelo escritório. Passou pelas grandes poltronas e resolveu começar seu plano.

- Eu tenho algo a lhe dizer. - Falou o mais calmamente possível. Ela tinha que agir naturalmente. Richard era como um leão absurdamente perceptivo.

Ele levantou os olhos castanhos, a olhou rapidamente e voltou-se para a carta. Ela odiava aquele hábito dele. Era como se ele avaliasse se o que ela tinha a dizer era importante ou não para enfim, decidir se queria ouví-la.

- Eu já lhe disse que não gosto de conversar quando estou trabalhando. – Respondeu sem se dar ao trabalho de olhá-la de volta.

Mahara avistou seu sari preso na estante de livros e o pegou tranquilamente enquanto revirava os olhos de costas para ele.

- Quero lhe passar uma informação sobre nossas vítimas. – Eram muitas, mas Mahara não precisou identificá-las, Richard sabia exatamente das pessoas que ela falava.

Se referia a mina de ouro dele.

- Diga. – Dessa vez ele não apenas a fitou, como também parou de escrever a maldita carta e o interesse finalmente transbordou em sua voz.

Mahara demoraria alguns segundos para responder apenas para torturá-lo um pouco, mas se lembrou de seu objetivo ali.

- Eles não vão aguentar mais um dia.

- Você sempre foi muito mole com os prisioneiros. – Passou as mãos pelos cabelos escuros e relaxou as costas na cadeira.

Richard apoiou os cotovelos na mesa e cruzou as mãos na frente do rosto. Os olhos castanhos pareciam a julgar em cada segundo.

- O que foi, Mahara? Por acaso se apegou a eles? – Indagou sem emoção alguma na voz. Ela odiava isso. Era como se tivesse que adivinhar a resposta certa em um jogo de sorte.

Ela sequer tremeu ou hesitou.

- Não seja ridículo, querido noivo. – Sorriu de lado.

Mahara caminhou até Richard e ficou atrás de sua cadeira, repousando suas mãos sobre os ombros dele e fazendo uma massagem.

- Você pretende devolvê-los a Coroa, imagino que seja melhor entregá-los vivos, não acredito que o rei pague por defuntos... – Inclinou-se para frente e começou a sussurrar no ouvido dele – Eu tenho o Conde na palma da mão, ele é fiel a Coroa, mas ninguém é tão absurdamente nobre assim, me dê apenas alguns dias e eu terei as informações que precisa para vender ao nobre que pagar mais...

Richard virou o rosto para o lado, olhando a noiva de frente. Ele fitou aqueles olhos âmbar que estavam fixos aos dele, levou sua mão até o rosto de Mahara e começou a contornar cada traço dela com as pontas dos dedos.

O Conde SequestradoOnde histórias criam vida. Descubra agora